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Em parceria Arapyaú e MapBiomas mapeiam o uso e cobertura da terra na região cacaueira do Sul da Bahia

O programa de desenvolvimento territorial do Sul da Bahia acaba de lançar um estudo voltado ao mapeamento da cobertura e uso do solo na região de plantio de cacau no Sul da Bahia: o MapBiomas Cacau. Envolvendo os seis municípios da Costa do Cacau – Canavieiras, Ilhéus, Itabuna, Itacaré, Una e Uruçuca -, a iniciativa nasceu a partir da necessidade apresentada por universidades, organizações não-governamentais, Ministério Público e setor privado de ter um maior detalhamento do uso e cobertura do solo para a formatação de políticas públicas, ações de preservação ambiental e de desenvolvimento econômico sustentável na região.

Desta forma, o projeto coordenado pelo Instituto Arapyaú em parceria com MapBiomas se propôs a enfrentar o desafio técnico de mapear áreas de cultivo de cacau sombreado, separando-as daquelas cobertas por vegetação nativa não manejada. Grande parte do cacau do sul da Bahia é plantado no sistema cabruca, que consiste no cultivo do cacau em meio a floresta nativa, preservando desta forma o meio ambiente. Por este sistema, torna-se mais difícil mapear a localização das plantações por meio de imagens de satélite, pois se confundem com a própria mata. Em geral, são simplesmente classificadas como “floresta” em mapeamentos na escala nacional ou mundial.

Fizemos oito dias de trabalho de campo, com mais de 1.700 quilômetros percorridos e cerca de 300 pontos de informação coletadas para gerar um mapa que separou o cacau da mata nativa com um índice de confiança de mais de 80%”

Marisa Fonseca, da consultoria Veraterra, que liderou o estudo.

Marcos Rosa, coordenador técnico do projeto MapBiomas destacou que produtores e pesquisadores devem ser envolvidos, agora, para aperfeiçoar o documento. “Tudo o que foi produzido é público e aberto. Este é um ponto essencial para que todos possam criticar e, principalmente, melhorar este mapa”, disse ele.

O projeto foi financiado pelo Instituto Arapyaú e também contou com a colaboração do Centro de Inovação do Cacau (CIC), de pesquisadores da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), da ONG Tabôa – Fortalecimento Comunitário e do Ministério Público da Bahia.

Grazielle Cardoso, analista do programa Desenvolvimento Territorial do Sul da Bahia, do Instituto Arapyaú, destaca a importância do MapBiomas Cacau para contribuir com o desenvolvimento da região cacaueira. “Diante da grande importância econômica do cultivo de cacau sombreado na região e do seu potencial para conciliar o uso econômico da terra com a conservação dos ecossistemas locais, este mapeamento é essencial para subsidiar políticas públicas, ações de preservação e recuperação ambiental, pesquisas científicas, e para orientar a expansão da cacauicultura sustentável”, explica Grazielle.

O MapBiomas Cacau mapeou nesta primeira etapa uma área de aproximadamente 5,8 mil km2, referentes à extensão dos seis municípios da Costa do Cacau, uma extensão territorial similar à do Distrito Federal. Todo material está disponível ao público, em um relatório que resume as atividades realizadas de junho de 2019 a maio de 2020.

“Espera-se que seja o primeiro passo para o monitoramento da cultura do cacau na região e que contribua efetivamente para o planejamento territorial da área, visando o equilíbrio entre uso econômico e preservação ambiental”, completa Grazielle.

Leia aqui a íntegra do relatório.

Webinar

O webinar “Colocando as cabrucas do sul da Bahia no mapa: O MapBiomas como parceiro da Base Ambiental” promoveu uma discussão sobre o projeto com participação de Deborah Faria (Coordenadora do Laboratório de Ecologia Aplicada à Conservação), Aline Valeria Archangelo Salvador (Promotora do Ministério Público da Bahia), Cristiano Villela Dias (Diretor científico do Centro de Inovação do Cacau) e Marcos Rosa (Coordenador técnico do projeto MapBiomas). A íntegra pode ser conferida neste link: https://youtu.be/d2rWJKAHyoE

O que é o MapBiomas

É uma iniciativa que envolve uma rede colaborativa de especialistas que contribui para o entendimento da dinâmica do uso e cobertura da terra no Brasil. Esta iniciativa já produziu mapas de uso e cobertura da terra para todo território brasileiro de 1985 a 2018.

Carmen Guerreiro

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