“Precisamos falar mais da Amazônia com vozes da Amazônia”, disse Renata Piazzon, diretora do Instituto Arapyaú e responsável pela secretaria executiva da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, em entrevista ao jornal A Crítica, do Amazonas. Esse pensamento foi um dos que nortearam a rede na escolha de Manaus (AM) como palco do seu primeiro encontro presencial — desde a criação em 2020.
Com o Teatro Amazonas como paisagem e dentro do restaurante Caxiri, no dia 16 de maio a Concertação debateu os temas Saúde e Economia na Amazônia Legal, com lideranças da região conduzindo boa parte do debate. O empresário Denis Minev, CEO da varejista Bemol, fundador de diversas ONGs e participante da Concertação, iniciou sua fala destacando o quanto era emblemático esse primeiro encontro presencial ser em Manaus.
‘Amazônia se discute na Amazônia’, dizia meu avô, que era um pensador regional. Hoje em dia, com as plataformas digitais, é possível se discutir de qualquer lugar, mas acho importante que estejamos aqui, pisando nessa terra para debater esse tema com mais solidez”
Denis Minev, CEO da varejista Bemol
A líder indígena do povo Witoto, Vanda Ortega, a técnica em enfermagem que se tornou um símbolo da luta contra a covid-19 na região, criticou o recorrente “olhar satélite” do mundo, e mesmo do Brasil, para a região. “Só se vê o verde e a beleza do rio, mas a realidade de quem está aqui embaixo não aparece”, explica. “Precisamos desse chamado, desse esforço que vocês estão fazendo aqui para olhar a Amazônia a partir das pessoas daqui.”
A jovem ativista Samela Sateré Mawé recorreu ao território para falar de saúde na perspectiva indígena. “Qual é a medicina que se pensa quando se leva em consideração os indígenas? É aplicar a medicina do branco pra gente?”, questiona.
A gente tem um corpo-território. Toda vez que nosso território está ameaçado, é o nosso corpo e a nossa mente que estão sendo ameaçados”
Samela Sateré Mawé, ativista indígena, estudante de Biologia e fellow do Arapyaú
Para além da fala no encontro, Samela, que é fellow do Arapyaú, está coordenando um trabalho para dar protagonismo na Concertação à visão indígena de temas como a noção de desenvolvimento, o que é Amazônia e propostas para a região. Ela conta com a ajuda de várias lideranças que aceitaram seu convite.
Escuta. De acordo com Lívia Pagotto, gerente sênior de conhecimento do Instituto Arapyaú, a plenária em Manaus significou uma oportunidade para a Concertação refinar a escuta. “O contato mais próximo com a comunidade local foi fundamental para qualificar as nossas propostas e calibrar o que uma rede tão múltipla, com gente de dentro e fora da Amazônia, quer e pensa para o território. É uma possibilidade ainda de estreitar laços e inaugurar novas conexões”, explicou. Ela destacou ainda o sentimento de coletividade propiciado pelo encontro entre os facilitadores dos Grupos de Trabalho da Concertação, que, além do debate do dia 16, se reuniram para compartilhar os avanços do ano.
O encontro foi assunto da entrevista com Renata Piazzon e o presidente do conselho do Instituto Arapyaú e cofundador da Concertação, Roberto Waack, no jornal A Crítica, o segundo maior do Estado. Piazzon e Waack falaram da prioridade da Concertação para 2022: um plano com propostas para os primeiros 100 dias do governo eleito. Os dois também trouxeram para a conversa a importância da mobilização social em rede e levantaram a bandeira da Concertação por uma agenda integrada no combate ao desmatamento, que paute o desenvolvimento e bem-estar na Amazônia.
O Jornal do Commercio, o mais antigo em circulação no Amazonas, na versão digital e impressa da publicação, também destacou o encontro. Com o título “Lideranças ampliam debate sobre a Amazônia”, a reportagem trouxe uma cobertura completa do debate, retratando uma visão mais ampla do território, e a entrevista com Waack e Renata.
Leia a cobertura completa do evento pela Página22.
Leia a matéria no Jornal do Commercio.
Leia a entrevista com Roberto Waack e Renata Piazzon.