Qual é o valor real dos produtos que ajudam a preservar a floresta em pé? Quais são os principais desafios enfrentados no Brasil e nos mercados internacionais? Como a União Europeia pode colaborar para construir redes sustentáveis de produção e comercialização desses produtos? Essas foram algumas das questões discutidas durante o evento “Desafios e Oportunidades para Produtos da Sociobioeconomia da Amazônia nos Mercados da UE”, realizado em 26 de setembro na Embaixada do Brasil em Bruxelas, Bélgica. O encontro fez parte da Semana da Amazônia (Amazon Week), que ocorreu de 16 a 27 de setembro, organizada pela APEX Brasil e pelas Embaixadas brasileiras na Europa.
Durante o evento, os participantes tiveram a oportunidade de experimentar produtos amazônicos como açaí, cumaru, camu-camu, tapioca, tucupi, licuri, castanha-do-pará e cacau. Além de ricos em nutrientes, esses alimentos trazem histórias sobre a floresta e os povos que nela habitam. Também foram apresentados ingredientes de outros biomas brasileiros, cultivados por mais de 30 mil pequenos produtores organizados em cooperativas, associações e pequenas e médias empresas, que refletem tanto a biodiversidade ecológica quanto a diversidade social, cultural e étnica dos produtores.
O Instituto Arapyaú, a Natura e o Centro de Inovação do Cacau (CIC) destacaram o potencial da bioeconomia na restauração produtiva, com foco em modelos sustentáveis, tecnologia e inovação. Ao ministrar a palestra “O cacau brasileiro como referência para a bioeconomia”, Ricardo Gomes, gerente de desenvolvimento territorial do Instituto Arapyaú, ressaltou os benefícios ambientais dos sistemas agroflorestais com cabruca no cultivo do cacau, evidenciando o impacto positivo na geração de renda e recuperação de áreas degradadas. Ele também apontou desafios, como a dificuldade de acesso a crédito e a falta de investimentos. Já Cristiano Villela, diretor do CIC, abordou o papel da inovação na expansão de mercados. A Natura, por sua vez, levou sua experiência na abordagem com comunidades e valorização dos produtos da sociobiodiversidade na Amazônia.
“Reforçamos a mensagem sobre as oportunidades de negócios na Amazônia, especialmente em sistemas alimentares, que podem gerar riqueza, conservar a floresta e criar impacto social positivo. Porém, é essencial que recursos e conhecimento sejam investidos com esse propósito”, acrescentou Ricardo.
Lei Anti-Desmatamento
A Semana da Amazônia 2024 também incluiu uma feira de produtos brasileiros ligados à sociobioeconomia, como os da Natura e Dengo Chocolates. No dia 25, ocorreu a reunião multissetorial da Comissão Europeia sobre a Lei Anti-Desmatamento, chamada EUDR (European Union Deforestation-Free Regulation), que inicialmente iria entrar em vigor em dezembro de 2024, e exigirá rastreabilidade dos produtos agrícolas exportados para a União Europeia. Mais recentemente, e após o encontro, veio a público uma nova manifestação da União Europeia pedindo o adiamento da implementação da Lei para o próximo ano, a fim de dar tempo aos países para adequação.
A EUDR abrange sete commodities principais, entre elas: bovinos, cacau, café, palma/dendê, borracha natural, soja e madeira. Cada uma dessas commodities possui derivados que também deverão cumprir a regulamentação. Segundo Ricardo, a EUDR trará novos desafios e oportunidades para o agronegócio brasileiro. Ele destacou o risco de aumento nos custos de produção, o que pode reduzir a competitividade no mercado europeu, mas também a chance de beneficiar produtores que já seguem práticas sustentáveis. A legislação pode incentivar um movimento mais amplo de sustentabilidade, contribuindo para a preservação das florestas e melhorando a imagem dos produtos brasileiros no exterior.
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