O Instituto Arapyaú embarcou em uma missão para a Europa com o objetivo de mostrar ao mundo o cacau sustentável do Brasil, ampliando e fortalecendo conexões com o mercado externo para atrair investimentos para a cacauicultura.
O Arapyaú participou da Amsterdam Cocoa Week, um dos principais eventos internacionais dedicados exclusivamente ao cacau, ao lado de CocoaAction, Imaflora e Solidaridad; especialistas do Centro de Inovação do Cacau (CIC); representantes da indústria, como a Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) e a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab); representantes dos governos estaduais da Bahia e do Pará; os principais produtores de cacau no Brasil; além da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e entidades federais, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).
O trunfo da missão foi destacar o que distingue o cacau brasileiro do fruto produzido no restante do mundo. “Nossa participação no Cocoa Week é parte de uma estratégia maior de divulgar nossa cacauicultura, sobretudo o cacau produzido de forma sustentável, que conserva o meio ambiente ao mesmo tempo que gera prosperidade social”, afirma Ricardo Gomes, gerente do programa Desenvolvimento Territorial do Sul da Bahia e um dos representantes do instituto no evento.
Segundo Gomes, o cacau brasileiro é predominantemente cultivado em sistemas agroflorestais, os chamados SAFs, que oferecem benefícios ambientais significativos ao mitigar as alterações climáticas e conservar a biodiversidade. Além disso, o fruto é produzido principalmente por agricultores familiares e de pequenas propriedades, o que contribui para a geração de renda e soberania alimentar para mais de 93 mil famílias.
A atual produção brasileira representa uma fração do que é cultivado na África, que responde por quase três quartos da oferta mundial. Mas o boom do cacau no Brasil já não é apenas uma promessa. A aposta do Arapyaú é que o país pode se tornar o novo protagonista da cadeia de valor global. “Temos capacidade de aumentar a produção para responder à crescente demanda mundial, transformando áreas degradadas em SAFs”, explica Gomes.
Durante o Cocoa Week, o Arapyaú lançou o material ‘Brazilian cocoa: socially and environmentally responsible‘ (‘Cacau brasileiro: social e ambientalmente responsável’), um documento que narra desde a história do cacau e seu contexto mundial até os diferenciais do fruto, com dados de produção e o potencial da cadeia no Brasil.
“Com uma grande comitiva de brasileiros, com os diversos elos representados, viemos fazer uma série de agendas oficiais, participar do evento e também expor nosso cacau sustentável do Brasil, já demonstrando oportunidades de atuação no país. Vimos várias discussões relevantes para a cacauicultura global, com os mais variados pontos de vista – dos produtores aos governos, passando pelas indústrias”, afirma Vinicius Ahmar, gerente de estratégia para Desenvolvimento Sustentável do Arapyaú e um dos representantes do instituto no evento.
Atualmente sexto maior produtor de cacau do mundo, o Brasil produz cerca de 200 mil toneladas do fruto por ano, mas ainda não é autossuficiente. Ou seja, precisa importar para suprir sua demanda interna. O objetivo da cadeia é mostrar a capacidade do país de ampliar os números e alcançar o dobro de toneladas atuais, com a ambição de superar a marca de 400 mil toneladas de amêndoas ao ano até 2030.
A Amsterdam Cocoa Week aconteceu entre os dias 5 e 11 de fevereiro na capital da Holanda e contou com 49 países representados, 1.300 palestrantes e expositores e 8 mil visitantes. Teve como foco as temáticas de sustentabilidade, rastreabilidade e iniciativas socioambientais.
Cacau premiado
Dentro da agenda de Amsterdam Cocoa Week, o país também saiu vitorioso no Cacao of Excellence 2023, principal premiação de qualidade de cacau do mundo.
Os produtores Miriam Aparecida Federicci, de Medicilândia (PA), Luciano Ramos, de Ilhéus (BA) e Robson Brogni, também de Medicilândia (PA), garantiram duas medalhas de ouro e uma de prata, respectivamente, na premiação. Esse foi o melhor resultado do Brasil em todas as edições. Foram 222 competidores do mundo todo, sendo 50 destes premiados por continentes ou regiões continentais, como América do Sul e Central.
“O Brasil brilhou durante esse evento e, para fechar com chave de ouro, ganhamos três prêmios no mundial, que mostram que o Brasil realmente é origem de cacau fino e especial. Produzimos com muita responsabilidade ambiental e social, visando a produtividade também. Tivemos três pequenos produtores, que são agricultores familiares, que se dedicaram durante a safra de 2022 e foram reconhecidos nessa final do mundial”, celebra Adriana Reis, gerente de qualidade do Centro de Inovação do Cacau (CIC).
Missão brasileira na Europa
Antes de Amsterdam, Ricardo Gomes e Vinicius Ahmar passaram pela Bélgica, onde houve um encontro com representantes da União Europeia, Ministério da Saúde e Meio Ambiente e com o embaixador do Brasil junto à Missão da União Europeia, Pedro Miguel da Costa e Silva, para discussão da legislação sobre a importação de produtos agrícola livre de desmatamento.
“O embaixador ficou muito motivado em contribuir com a cadeia produtiva do cacau. Além de levarmos ao conhecimento da União Europeia a forma de produzir o cacau brasileiro com responsabilidade social e ambiental, fizemos uma sensibilização para atrair investimentos visando a ampliar aspectos da cacauicultura que se somam à bioeconomia brasileira”, afirma Ricardo Gomes.