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Cacau é destaque em missão multissetorial do Brasil na África

Arapyaú e CIC integraram a comitiva que passou por Costa do Marfim e Gana, os dois maiores produtores de cacau do mundo. Crédito: acervo.

Identificar novas oportunidades de negócios e de cooperação, transferir tecnologia e fortalecer o comércio bilateral entre o Brasil e os países africanos. Esses foram alguns dos principais objetivos da Missão de Cooperação e Comércio na África, que aconteceu entre o final de janeiro e o início de fevereiro e colocou o cacau no holofote. O Instituto Arapyaú esteve entre as 40 organizações convidadas pela ApexBrasil, pelo Itamaraty e pelo Ministério da Agricultura e Pecuária.

O Centro de Inovação do Cacau (CIC) também integrou a agenda de encontros, visitas técnicas ao campo e seminários sobre possibilidades de cooperação com Costa do Marfim e Gana, os dois maiores produtores de cacau do mundo. 

“Um dos nossos objetivos era conhecer as políticas de incentivo, entender por que existe tanta gente querendo plantar cacau e quais as relações do setor com as comunidades locais. Só a Costa do Marfim tem 700 mil produtores em mais de 1,2 milhão de hectares cultivados”, conta Ricardo Gomes, gerente de Desenvolvimento Territorial do Arapyaú. 

O impacto das mudanças climáticas sobre a produtividade dos cacaueiros africanos era outro objeto de estudo do Arapyaú. Nos últimos tempos, Costa do Marfim e Gana vêm enfrentando ataques de pragas e doenças, além da concentração de sol e chuva durante longos períodos do ano. No ano passado, a queda da produção africana fez o preço do cacau disparar, tornando-se a commodity agrícola mais valorizada em 2024, de acordo com o Chicago Board of Trade. 

Em função dos efeitos do clima e das exigências do mercado europeu, os governos desses países, que estão acostumados a desmatar para plantar cacau, começaram a incentivar a produção em consórcio com outras árvores. 

Segundo Gomes, enquanto plantios a pleno sol têm vida útil produtiva de, no máximo 25 anos, os cultivos no sistema de agrofloresta (SAF) passam de 60 anos, com produção de 800 quilos de cacau por hectare. 

“As autoridades locais estão começando apostar no modelo que já implementamos no Brasil, fazendo o manejo do cacau com outras culturas para diversificar as receitas e produzindo um cacau mais sustentável”, comenta Jorge Viana, presidente da ApexBrasil. 

40 organizações foram convidadas por ApexBrasil, Itamaraty e Ministério da Agricultura e Pecuária. Crédito: Divulgação/ApexBrasil.

Oportunidades

Na avaliação de Ricardo Gomes, a experiência mostrou que é estratégico para o Brasil investir em tecnologia e expansão sustentável dos plantios, com a conversão de pastagens e áreas degradadas em SAF, por exemplo. “Precisamos fortalecer cooperativas para organizar a oferta e negociar preço, melhorando a renda para os agricultores, além de ampliar o acesso ao financiamento e o fomento à inovação, com melhoramento genético”, explica ele.

Em pelo menos uma dessas frentes, a missão na África já rendeu frutos. Com o objetivo de melhorar a remuneração dos cacauicultores, Jorge Viana propôs às autoridades de Costa do Marfim e Gana a formação de um grupo dos cinco maiores produtores mundiais de cacau (Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Equador e Brasil). “Os dois países representam, juntos, 60% da oferta mundial, mas ficam com apenas 6% da renda do setor. Uma organização dos cinco maiores produtores pode ajudar a aprimorar as condições daqueles que estão na base da cadeia produtiva”, defende o presidente da ApexBrasil. 

Dados sobre o cacau nesses dois países africanos:

Giulie Carvalho

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