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Como a colaboração na bioeconomia é fundamental nas ações pelo clima

A bioeconomia é uma oportunidade para reduzir a dependência global dos combustíveis fósseis e para construir alternativas de baixo carbono que valorizem as especificidades de cada território, os produtos típicos e o trabalho das comunidades locais. No entanto, a falta de colaboração efetiva entre países, empresas e governos é um obstáculo para o desenvolvimento desse setor, principalmente no atual cenário geopolítico fragmentado. Em um documento da Chatham House, com apoio do Instituto Arapyaú e participação de Roberto Waack, presidente do Conselho da organização, os autores Ana Yang, Henry Throp e Suzannah Sherman reforçam a necessidade de uma ação conjunta desses atores para que a bioeconomia promova todos os seus impactos positivos, incluindo os sociais e ambientais.

O paper, intitulado “Como a colaboração estratégica na bioeconomia pode impulsionar as ações pelo clima e pela natureza destaca os fóruns internacionais (como o G20 e as COPs) como espaços de oportunidade de avanço sobre esse tema. “O G20 aprovou este ano os Princípios de Alto Nível sobre a Bioeconomia, sob a presidência do Brasil, e o país está em uma posição única para influenciar essas discussões, já que sediará a COP30 em Belém, no ano que vem”, lembra Waack. 

Produtos circulares e sustentáveis baseados em recursos biológicos (feitos de plantas, animais e microorganismos) e serviços (como sequestro de carbono ou regulação do ciclo da água) na economia global podem oferecer uma oportunidade para enfrentar múltiplos desafios ambientais e socioeconômicos. 

Essas transições nacionais e regionais não estão asseguradas, no entanto, sem regulamentos robustos. Os autores do artigo defendem que são necessárias políticas para proteção, restauração e gestão de ecossistemas e bio-recursos para garantir que essa economia verde também promova a agenda mais ampla de desenvolvimento, especialmente em países tropicais ricos em biodiversidade. 

Para melhorar a colaboração e coordenação na bioeconomia, os autores listam passos práticos, que incluem a promoção de clubes de países com papéis complementares para impulsionar uma transição sustentável. Esses clubes poderiam ser fortalecidos por meio de plataformas de colaboração internacional, de forma semelhante ao papel da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) na transição energética. 

Outro ponto fundamental é a facilitação de iniciativas pré-competitivas e colaborações lideradas por pares entre grandes organizações do setor privado que moldam as cadeias de suprimento nos setores da bioeconomia. O terceiro passo é a criação de estruturas de tomada de decisão que combinem evidências políticas e tecnológicas, possivelmente por meio de grupos existentes, como o Painel Internacional de Recursos. 

Ainda assim, a transição de economias baseadas em combustíveis fósseis para bioeconomias sustentáveis não acontecerá da noite para o dia. E ela só será positiva em todas as circunstâncias se estiverem estabelecidos os limites e apoios adequados para preservar a biodiversidade e trazer, a reboque, desenvolvimento social.

Giulie Carvalho

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