A COP26 foi um marco na trajetória da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia. Além de representar a estreia da rede no cenário internacional, a Cúpula do Clima ajudou a consolidar a iniciativa como um espaço de encontro de vários atores em busca do desenvolvimento sustentável da região e a definir frentes de ação da rede para os próximos anos.
“Nossa participação na COP deixou muito clara a importância de reforçarmos nosso papel como captador e orientador de recursos internacionais para a Amazônia”, diz Renata Piazzon, secretária-executiva da Concertação. Em Glasgow, participantes da rede tiveram encontros com diversos atores internacionais, desde fundações e empresas a representantes de governos. “Nosso próximo passo é descer para projetos estruturantes e funcionar como um hub capaz de direcionar esses investimentos para a região.”
Em uma COP marcada pela força da sociedade brasileira e a presença significativa de CEOs, um dos principais objetivos da Concertação, que é o de unir empresas para fazer a transformação no território, ganha destaque. Segundo levantamento do Boston Consulting Group (BCG), mais de 5.200 empresas e cerca de 450 instituições financeiras assumiram o compromisso de se tornar “carbono neutro”.
Criada em 2020, a Concertação reúne mais de 400 lideranças de diferentes setores, em um espaço democrático e apartidário. Na COP, a rede fez o lançamento internacional da “Uma Agenda pelo Desenvolvimento da Amazônia”, documento com propostas para o desenvolvimento sustentável da região que contempla a diversidade e a complexidade das paisagens e dos territórios.
A ocupação indígena de forma inédita no encontro em Glasgow também reforçou na rede a necessidade de se ter representantes de povos originários em todos os seus grupos de trabalho. “No evento de lançamento do documento, a fala da jovem líder Samela Sateré Mawé trouxe uma crítica que precisa ser ouvida. Eles querem ser protagonistas, não apenas participar”, diz Renata. “Vamos agora submeter o documento a um comitê de líderes indígenas, para ser feito e validado por ele.”
Neste esforço de discutir Amazônia a partir da experiência dos mais diversos atores, a Concertação também quer evidenciar a importância da dimensão sensível e cultural para a compreensão da região. Na COP, obras representantes da arte da região, como de Chermie Ferreira, Rakel Caminha, Paula Sampaio, Kambô, Rui Machado e Marcela Bonfim, marcaram presença nos eventos promovidos pela iniciativa. O objetivo da rede é criar uma galeria virtual com esses trabalhos, beneficiando diretamente seus autores.
Para o ano que vem, na arena internacional, a iniciativa se prepara para uma atuação ativa em eventos como o Estocolmo+50, na Suécia, em comemoração aos 50 anos da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, a Convenção da Biodiversidade, na China, e a COP27, no Egito. “A Amazônia é muito estratégica e precisamos estar nesses espaços”, reforça Renata. No cenário nacional, a ambição é colocar a Amazônia de forma significativa no debate eleitoral. “Desejamos que nosso documento contribua com os programas de governo de todos os candidatos”.
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