Debate mundial sobre o clima é oportunidade para promover sinergia entre governos, sociedade civil e empresas em torno do desenvolvimento da Amazônia

arte em colagem da artista manauara Rakel Caminha, convidada da terceira plenária do ano de Uma Concertação pela Amazônia
Arte em colagem da artista manauara Rakel Caminha, convidada da terceira plenária do ano de Uma Concertação pela Amazônia

Na mesma semana em que líderes de mais de 40 países participaram da Cúpula de Líderes sobre o Clima, organizada pelo governo dos Estados Unidos, dois eventos promovidos pela iniciativa Uma Concertação pela Amazônia evidenciaram a relevância das contribuições da sociedade brasileira para a agenda climática e o desenvolvimento da Amazônia. Foram realizados dois webinários em parceria com o jornal Valor Econômico e a terceira plenária da iniciativa neste ano. 

“A eleição de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos e uma tomada de posição mais firme da China em questões ambientais ajudaram a abrir uma grande janela de oportunidades para discussões sobre o tema. E o Brasil tem que correr para acompanhar essa nova conjuntura”, afirmou Armínio Fraga, sócio-fundador da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central, que participou do evento “Perspectivas da Sociedade Brasileira para a Agenda Climática na Amazônia”, no dia 19 de abril. O debate pode ser conferido aqui.  

Para Ana Toni, diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade, que abriu o webinar, “a sociedade brasileira delegou o desenvolvimento da região por décadas e hoje se percebe que tem que ser um esforço da sociedade”.

Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda e atual diretor do Banco Safra, defendeu a importância de se avançar em políticas focadas no capital humano, na inovação e nos investimentos, além do combate à ilegalidade. “Só assim vamos ter uma bioeconomia e cidades florescendo”, explica.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso defendeu durante o evento que o país desenvolva um plano multidimensional para a Amazônia, com especialistas brasileiros de diferentes áreas. Já a economista e professora da USP, Laura Carvalho, afirmou que é preciso desenhar uma estratégia com impactos de curto e longo prazo.

A gente precisa chegar no final dessa década com desmatamento zero, não só livre do ilegal. Precisamos recompor uma parte da floresta”

Beto Veríssimo, cofundador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)

Beto Veríssimo e Ana Toni também participaram do segundo dia de evento em parceria com o Valor, que contou com a participação dos empresários João Paulo Ferreira (Natura&Co), Walter Schalka (Suzano), a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira e Denis Minev (Bemol). A íntegra pode ser conferida aqui

Economia da biodiversidade e o sistema financeiro 

A pauta da Bioeconomia também foi destaque na terceira plenária da Concertação pela Amazônia, realizada no último dia 19. Com o tema “Economia da biodiversidade e o sistema financeiro: visões para o desenvolvimento da Amazônia”, teve como destaque a participação de Partha Dasgupta, professor emérito de economia na Universidade de Cambridge, fellow do St. John’s College, professor e pesquisador fellow no Instituto de Consumo Sustentável na Universidade de Manchester.

Autor do estudo “The Dasgupta Review“, o professor aborda em suas análises a necessidade de compreender nossos compromissos com a natureza: o que tiramos dela, como transformamos o que tiramos e o que devolvemos, e como nas últimas décadas interrompemos os processos da natureza em detrimento de modelos de vida. Segundo ele, a humanidade depende deste bem mundial. A provocação que Dasgupta nos faz é sobre como podemos mudar essa direção, considerando que a biodiversidade é vida e, portanto, deve ser considerada nas decisões econômicas e políticas.

Um olhar através da arte

A artista plástica manauara Rakel Caminha, que também participou da plenária, destacou a importância de criar diálogos por meio da arte. Ela une em seu trabalho ferramentas artísticas e de comunicação para criar peças autorais de grande expressividade. 

Com sua criação, transita por temas referentes ao universo feminino, às questões sociais e ecológicas com as quais se engaja, questões humanas e experiência dos causos da vida moderna que a transpassam e marcam sua caminhada. É dela a arte da capa do single Hutukara, da banda Marambaya, que abriu a terceira plenária do ano.