A chegada do presidente Joe Biden ao comando dos Estados Unidos, em posse celebrada em janeiro, pode fazer diferença para a evolução da agenda climática global, e a sua gestão pode impactar o Brasil, especialmente em relação à Amazônia. Este tema foi amplamente discutido no debate promovido pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), no dia 21 de janeiro, com apoio do Columbia Global Centers (Rio de Janeiro) e da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia. Participaram do encontro Thomas Trebat, cientista político e diretor da Columbia Global Center no Rio, Fernanda Hassem, prefeita reeleita de Brasileia (no Acre), e o economista Francisco Gaetani, conselheiro do Instituto Arapyaú. O evento contou com a mediação de Mônica Sodré, cientista política e diretora executiva da RAPS.
Também membro da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, Francisco Gaetani discorreu, durante o evento, sobre os principais aspectos que envolvem a região atualmente.
A seguir, destacamos os principais pontos da discussão durante o evento, que pode ser visto na íntegra aqui.
“É um momento de muita esperança, de um otimismo cauteloso, de uma animação do sentido de poder retomar uma série de agendas globais, agendas de bens comuns e que dependem do esforço coletivo para ser enfrentado. A sociedade brasileira deve abrir um canal direto com a sociedade americana para conversarmos sobre as oportunidades de investimento, de crescimento e de parcerias na região, colocando na mesma página o setor privado e o terceiro setor.”
“O Brasil sempre teve, através de sua diplomacia ambiental, o papel de protagonista nessas negociações. Junto com os Estados Unidos, com a China, com a União Europeia, com a Índia, sempre fomos grandes arquitetos dessa agenda global. O que torna o Brasil um ator diferente nessa conversa não é o peso da sua economia. É a Amazônia, que coloca o Brasil numa posição estratégica nesse debate. Há uma expectativa de que o Brasil lidere o processo de desenho de um modelo de desenvolvimento sustentável para a região.”
“A agenda ambiental na Amazônia é uma agenda de desenvolvimento sustentável, uma agenda positiva, é uma agenda que transcende o Brasil, transcende as fronteiras políticas administrativas. Não se trata de encarar a região como um santuário, e sim de explorar de forma sustentável, preservando ativos que são de um valor inestimável para a população do planeta. A questão da Concertação é o esforço de diálogo e da construção coletiva.”
“São quase 30 milhões de pessoas que moram na Amazônia brasileira e precisam ser criadas alternativas de geração de emprego, de distribuição de renda, de desenvolvimento e crescimento das populações. São várias possibilidades, são várias as Amazônias.”
“É importante falar de uma Amazônia muito mais transnacional. Nossa opção é discutir o que está acontecendo na Bolívia, no Peru e na Colômbia. Tem que discutir de uma forma construtiva e positiva, não a partir de uma visão ideológica, negativa e polarizada.”
“A conservação da Amazônia passa pela premissa de que todos devem dialogar e contribuir. Assim fica mais fácil construir sinergias. Precisamos construir parcerias e realizar ações conjuntas para o desenvolvimento da região com protagonismo dos povos e das autoridades locais, com apoio da comunidade internacional.”
“A Concertação está procurando potencializar os esforços de promoção no crescimento sustentável e inclusivo da região, mas essa tarefa é de gerações e de anos. Estamos felizes porque entendemos estar na direção correta e não podemos perder tempo com discussões irrelevantes que não nos levam a lugar nenhum.”
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