Publicações

Estadão: Chocolate sustentável da Bahia quer ganhar o mundo

Matéria do Estadão fala de chocolate sustentável da Bahia. Quando comprou um terreno no sul da Bahia em 2006, o empresário Guilherme Leal, um dos fundadores da empresa de cosméticos Natura, buscava sombra e água fresca para descansar. Mas o lazer foi cedendo espaço para um dos maiores projetos de revitalização da cultura cacaueira da região.

Leal se envolveu com a comunidade local e começou a desenvolver a Dengo, fabricante de chocolates finos produzidos a partir do cacau orgânico cultivado em plena Mata Atlântica. A pequena rede de lojas de Leal é hoje umas das principais referências de sustentabilidade da cadeia produtiva até o consumidor final.

“A origem da Dengo foi um projeto socioambiental. A pergunta que me fiz logo no início foi como eu poderia lidar com os desafios educacionais da região, que eram complexos, e como transformar a cadeia do cacau na região”, conta o empresário, uma das principais referências para os debates sobre sustentabilidade no País. “Daí que surge a Dengo. Começamos a estudar o mercado para oferecer cacau fino, de origem e que fosse adquirido não de nossa fazenda, mas de uma rede de pequenos e médios produtores que seriam estimulados a cuidar melhor do seu cacau.”

Ao comprar uma antiga fazenda de cacau em Ilhéus em 2012, Leal já tinha na cabeça o desenho para Dengo. O empresário chamou o executivo Estevam Sartoreli, que trabalhou com ele por 12 anos na Natura, para comandar a empresa, que inaugurou a primeira loja em junho de 2017 – hoje são 18 unidades no País. Os planos são ambiciosos: crescer no Brasil e tornar a marca conhecida no exterior.

“A Natura tem esse compromisso de ser um transformador social formalizado há mais de 30 anos. Como o  tema ambiental, social e de governança (ESG) está inserido na Dengo? A gente acredita que o tema ambiental não fica de pé sozinho e está sempre conectado com a questão social. Se não for viável economicamente, não adianta”, diz.

De posse da fazenda, a equipe do empresário começou a fomentar na região o plantio de cacau por sistema de cabruca (plantado às sombras de árvores da Mata Atlântica e totalmente orgânico). Por meio do Instituto Arapyaú, braço filantrópico de sua gestora de investimento, a equipe desenvolveu o Programa de Desenvolvimento Territorial do Sul da Bahia, que atua como uma rede de apoio à produção da matéria-prima em seis municípios da região: Canavieiras, Ilhéus, Itabuna, Itacaré, Una, Uruçuca. A ideia é estender o programa para os 26 municípios que abrangem a Costa do Cacau, explica Ricardo Gomes, responsável pelo programa.

O instituto também incentivou a criação do Centro de Inovação do Cacau, na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), entre Ilhéus e Itabuna (BA), em 2017. “Os agricultores da região receberam em 2018 o selo de Indicação Geográfica do cacau (do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual)”, diz Gomes. Com uma parceria público-privada, o instituto tem um trabalho de incentivo à educação da comunidade local, que será estendido aos 26 municípios cacaueiros.

Carmen Guerreiro

Recent Posts

Brasil reforça soluções baseadas na natureza nos debates do Fórum Econômico Mundial

Protagonismo do Brasil para liderar soluções climáticas foi destaque em Davos. Crédito: acervo. Colocar o…

3 semanas ago

Em 2025, restauração e sistemas alimentares ganham força na agenda do Arapyaú

Visão integrada ganha amplitude com a chegada da COP 30. Crédito: acervo. O Instituto Arapyaú…

3 semanas ago

Inteligência artificial pela sustentabilidade e bioeconomia na Amazônia são prioridades do grupo de fellows do Arapyaú

Para o grupo de fellows do Instituto Arapyaú, 2024 foi um ano de consolidação de…

3 semanas ago

A música que ajuda a manter as florestas e seus povos em pé

Produções mostram a ligação entre Amazônia e Mata Atlântica, dois territórios prioritários para a atuação…

3 semanas ago

Acompanhe o Arapyaú nas redes

Seja nosso seguidor e acompanhe todas as novidades; links abaixo. Crédito: divulgação. Com o objetivo…

3 semanas ago

Da Mata Atlântica à Amazônia e o lugar onde esses biomas se conectam

Filme foi dirigido por Mariane Claro e Igor Pimentel. Crédito: reprodução. Na imensidão da riqueza…

2 meses ago