Com o manejo correto, o cultivo do cacau à sombra de árvores nativas é capaz de garantir retorno econômico para o produtor rural, além de promover a conservação ambiental. É o que aponta o Estudo de Viabilidade Econômica da Produção de Cacau, organizado pela iniciativa CocoaAction Brasil, pelo Instituto Arapyaú e pelo WRI Brasil. Lançado neste mês, o estudo estabelece parâmetros que podem auxiliar produtores e outros atores da cadeia do cacau na tomada de decisão de investimentos.
Feito a muitas mãos, o levantamento atualizou e incorporou novos dados a um primeiro estudo produzido pelo Arapyaú em 2019. Agora, com as informações recém coletadas em bases públicas e oficiais, além de dados de campo cedidos por parceiros e apoiadores da publicação – CIC, Ceplac, Faeb, Renova Cacau, Mondelēz International, Uesc, PCTSul, Senar Bahia, Solidaridad Brasil e TNC Brasil –, o estudo ganhou corpo para ser assumido como oficial pela cadeia cacaueira do país.
O relatório técnico de quase 50 páginas é resultado da análise de diferentes sistemas produtivos em regiões do Pará e da Bahia. Juntos, os dois Estados respondem por aproximadamente 95% da área plantada e da produção nacional, o que faz do Brasil atualmente o sétimo produtor global de cacau.
O estudo indica que, na Bahia, onde foram analisados quatro tipos de sistemas produtivos, a cabruca – nome por qual é conhecido o modelo agroflorestal em que o plantio do cacau é feito em meio à floresta – demonstrou ser um bom investimento em áreas com sombreamento adequado (igual ou inferior a 30% de sombra). Neste caso, a taxa interna de retorno (TIR) foi de 12% e a renda para o produtor foi de R$ 5.400 por hectare ao ano, após o período considerado de investimento (até o 4º ano). Já se esse sombreamento for muito alto (superior a 70%), o sistema não se viabiliza.
Os arranjos de cacau em pleno sol, por sua vez, têm retornos maiores, embora sejam sistemas mais suscetíveis a pragas, com uma sensibilidade maior quando analisados cenários de variações de preço e produtividade. Apesar de apresentarem um rendimento interessante, o modelo produtivo só se viabiliza com alta produtividade.
No Pará, os três sistemas agroflorestais analisados apresentam viabilidade econômica, com renda ao produtor entre R$ 5 mil e pouco mais de R$ 8 mil por hectare ao ano. O modelo com menor diversificação de culturas necessita de menos investimentos e mão de obra, mas gera menor renda ao produtor. No de maior diversificação, o aporte em implantação e manutenção é maior, mas o retorno também.
Acesse o estudo completo aqui. O material teve amplo destaque na imprensa local. Selecionamos algumas destas repercussões para sua leitura:
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