Empresários, cientistas, economistas, ambientalistas participaram no dia 29 de setembro do Fórum Valor Reconstrução Sustentável – Como Enfrentar as mudanças Climáticas?, evento online promovido pelo jornal Valor Econômico, com apoio do jornal O Globo e Época. Em meio a discussão sobre os desafios de preservação ambiental no Brasil, a iniciativa Concertação pela Amazônia foi apresentada pelo presidente do conselho do Instituto Arapyaú, Roberto Waack, que explicou como nasceu a iniciativa e seus propósitos. “A Concertação nasceu com esse sonho de aumentar o diálogo sobre a Amazônia com todos os atores e fazer uma discussão do modelo de longo prazo, com envolvimento do setor empresarial, e com a construção de regras do jogo de como lidar com a Amazônia, pois o ambiente institucional é muito frágil”, contou Waack.
Waack participou do painel ao lado do economista Arminio Fraga, ex-presidente do BC e sócio da Gávea Investimentos, e do pesquisador Adalberto Veríssimo, cofundador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Ambos fazem parte da Concertação pela Amazônia.
Veríssimo ressaltou que há um ambiente favorável ao movimento de aliar conservação ambiental e desenvolvimento econômico: “Primeiro porque as mudanças climáticas chegaram ao PIB mundial; segundo que o Brasil tem um movimento bom, apesar de todas as crises que estamos vivendo, pois nunca vi o setor privado brasileiro tão engajado na busca por soluções na Amazônia; e terceiro que é a nova geração, que está conectada com esse novo mundo”.
Armínio Fraga também destacou as mudanças de hábitos como favoráveis a uma transformação no país em torno das proteções ambientais: “Há uma mudança espetacular de mentalidade em andamento no Brasil, que pode ser vista no empresariado, nos jovens. Há uma energia que pode ser mobilizada para o Brasil dar essa virada. Será bom para o mundo, mas sobretudo para nós brasileiros”.
Mais cedo no evento, o cientista Carlos Nobre participou e fez um apelo à sociedade para que todos se engajem para tornar real o equilíbrio ecológico: “Essa pandemia provocada por um vírus com baixa letalidade e alta taxa de transmissão, tem que nos chamar atenção, é um aviso. Vamos parar de perturbar o equilíbrio ecológico do planeta, principalmente das florestas tropicais. Muitas epidemias têm surgido em florestas tropicais, como ebola, HIV”.
Segundo Nobre, a retomada de uma sociedade mais sustentável e equilibrada passará necessariamente por um modelo de desenvolvimento com restauração ecológica em todo planeta. “O custo de manter todas as florestas tropicais protegidas e restauradas para sempre é equivalente a 1% da perda econômica que a pandemia nos trouxe”, disse.
O evento ainda contou com outros dois painéis, um deles dedicado a mostrar exemplos da sociedade mobilizada, do qual participaram Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), Marcos Palmeira, ator e empresário, Carlo Pereira, Diretor Executivo do Pacto Global, e Onara Oliveira de Lima, diretor de sustentabilidade da Ambipar.
Marcos Palmeira chamou atenção para a falta de uma comunicação efetiva, que envolva a sociedade na preservação ambiental. Para ele, o momento também é favorável a essa discussão com o meio ambiente como protagonista. “Acredito na preservação com produtividade pois vejo isso na minha fazenda todos os dias. Fico impressionado porque não achamos uma forma de comunicar isso, de tocar as pessoas e não ficar apenas no discurso de embate e da confrontação”, disse.
O último painel discutiu as perspectivas para o Brasil com um debate entre Ana Toni, diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade, Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda e atual diretor de Estratégia Econômica no Banco Safra, e o empresário Oskar Metsavaht, fundador e criador da Osklen e embaixador da boa vontade da Unesco.
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