O Arapyaú articula atores locais das mais diversas frentes e setores, que, a partir da cadeia do cacau, transformam a própria realidade. Esse instrumento de blended finance, que já beneficiou mais de 200 famílias na Bahia, venceu o edital do BNDES em 2022 e receberá, no total, um aporte de R$ 4 milhões. Os recursos serão direcionados para a concessão de créditos e para viabilizar assistência técnica aos beneficiados na próxima rodada do crédito, prevista para meados de 2023. “Os recursos oriundos da filantropia são ainda limitados, por isso precisam ser usados estrategicamente de modo a alavancar mais recursos de forma sustentável e escalável”, afirma o gerente do Arapyaú.
Ahmar se aprofunda no case falando sobre a importância da atuação em rede e do que caracteriza, em essência, essa articulação na estratégia de filantropia comunitária do instituto no sul da Bahia. Ele destaca três pontos: complexidade, conhecimento e tempo. O primeiro diz respeito aos problemas dos quais as ações do Arapyaú buscam solucionar, que são bastante complexos, como as mudanças climáticas, a pobreza, o desenvolvimento territorial, entre outros. “Lidar com as complexidades do território só foi possível pois, em cada momento, fomos aprendendo e entendendo qual seria nosso próximo papel e onde deveríamos nos posicionar mais estrategicamente”.
O segundo passa pelo entendimento de que a compreensão do todo só é possível pelo coletivo; a articulação com os mais diversos atores, nesse sentido, é uma tentativa de abarcar o máximo de visões possíveis e reduzir as incertezas. “A única forma de lidar com o caráter multifacetado e complexo dos problemas que encontramos nos territórios é somar visões”, diz. O último ponto é sobre entender que as transformações sociais, o grande objetivo da filantropia comunitária, levam tempo e que as mudanças significativas não serão imediatas.
Além de Vinícius Ahmar, foram convidados para o painel “Filantropia comunitária: mobilização de atores diversos para a transformação”, do 12° Congresso GIFE, o fundador e diretor executivo no Fundo Positivo, Harley Henriques, o superintendente socioeducativo na Fundação FEAC, Jair Resende, e a coordenadora executiva da Casa Fluminense, Larissa Amorim. A moderação do debate ficou por conta da diretora executiva da Rede Comuá, Graciela Hosptein.