A pandemia do novo coronavírus colocou diante dos gestores públicos desafios nunca antes enfrentados. Diante da situação, o Fórum Inova Cidades, iniciativa do Arapyaú em parceria à Frente Nacional de Prefeitos, deu início nesta semana a uma série de lives semanais para compartilhar experiências inovadoras de municípios no combate à Covid-19.
“Estamos à frente de uma situação que nunca passamos, e com a necessidade de tomar decisões rápidas e muitas vezes nunca feitas. Nesse cenário, a inovação tem sido com certeza um caminho viável para solucionar os problemas derivados da pandemia”, afirma a presidente do Fórum, Cris Alessi. “É isso o que essa série de lives vai mostrar: como a inovação pode ser trazida na prática para o dia a dia dos municípios, e como a pasta que tem inovação na pauta pode apoiar outras secretarias, além da gestão estadual e federal, em ações de controle da doença.”
Na primeira live, realizada na última terça (28/4), o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação de Recife, Guilherme Calheiros, e Tullio Ponzi, secretário executivo de Inovação Urbana do município, compartilharam as experiências da capital pernambucana.
“Nossa pasta de inovação, nesse momento de crise, é uma das mais demandadas. Tem o papel de conseguir dar a escala, no menor custo possível, a um atendimento adequado às principais demandas. Temos que apoiar as ações dos diversos órgãos da prefeitura”, explicou Calheiros. O secretário aconselha que os gestores públicos busquem se aproximar dos ambientes de inovação das suas cidades e regiões. E recomenda a consulta ao Novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, que facilita a contratação e as encomendas tecnológicas em momentos de crise.
Conheça abaixo algumas das iniciativas de Recife:
A primeira ação da prefeitura recifense, diante dos casos iniciais de Covid-19 no município, foi criar três núcleos de decisão: de isolamento social, de preparação do sistema de saúde, e de atendimento aos impactos socioeconômicos gerados pelo isolamento. “Com demandas operacionais muito grandes, esses núcleos precisaram de suporte de quem trabalha com inovação para dar efetividade às ações”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico.
Calheiros conta que um comitê de resposta rápida à crise foi criado também no início da pandemia na cidade. Ele atua 24 horas por dia com representantes da gestão pública municipal buscando minimizar os impactos sanitários. “O comitê de resposta rápida definiu e estimou que precisaríamos de mais de 1.000 leitos hospitalares em Recife para atender à demanda. Isso fez com que fosse necessário a gente montar sete hospitais de campanha. Inauguramos cinco em um tempo recorde, um mês, e ainda vamos entregar dois”, afirma Calheiros.
Em parceria com o polo digital da cidade, a prefeitura lançou aplicativos que apoiam no esforço de isolamento social. O primeiro, Movimenta Recife, traz aulas de ginástica para fazer em casa, e foi desenvolvido diante da necessidade de fechar as academias públicas da cidade para evitar a disseminação da doença. “Esse aplicativo simples teve um pico de acesso e hoje é um dos mais baixados na categoria saúde e bem-estar”, contou Calheiros.
Outro app, o Atende em Casa, ajuda a prefeitura a reduzir as aglomerações e contaminação nos hospitais, aumentando a capacidade de atendimento da saúde. O usuário responde a uma série de perguntas e recebe na hora uma classificação de risco, que pode gerar um atendimento online com um profissional de saúde. Caso haja necessidade, a pessoa é encaminhada para o posto ou hospital mais próximo. O aplicativo já fez mais de 32 mil atendimentos desde seu lançamento em março. “Ele potencialmente tirou essas 32 mil pessoas do posto de atendimento, e isso facilita muito na diminuição da curva do coronavírus”, explica Calheiros.
Diante do desafio de entender quem estava aderindo às medidas de isolamento social e onde, para melhor direcionar as políticas públicas, a prefeitura de Recife firmou uma parceria com a startup local In Loco para monitorar os focos de menor isolamento social com base em dados de geolocalização.
Garantindo a privacidade dos usuários, as medidas permitiram à prefeitura direcionar ações para locais em que o isolamento estava caindo. Com isso, os índices subiram para uma média de 60% de isolamento na cidade, acima dos níveis nacionais. Além disso, as estatísticas permitiram que a gestão pública entendesse os locais onde havia maior aglomeração, como bancos e supermercados, e criasse regras de distanciamento social específicas para esses tipos de estabelecimento.
A partir dos dados coletados, a prefeitura enviou às comunidades com menor aderência ao isolamento social carros de som com mensagens gravadas pelos agentes de saúde locais. “Eles são autoridades, são conhecidos da comunidade. As pessoas sabem que se a agente ‘Maria’ fala, o negócio é sério”, explica Ponzi, secretário executivo de Inovação Urbana do município.
Considerando o relevo acidentado da maior parte da cidade e a dificuldade de acesso a algumas comunidades, a prefeitura adotou drones com alto-falantes para locais onde os carros de som não chegavam. “O drone causa uma percepção diferente do carro de som e chega a lugares onde ele não chega. Isso trouxe resultados muito importantes, concretos e imediatos”, observa o gestor.
Além das mensagens de alto-falante, a população dos bairros com menor isolamento social receberam mensagens de texto pelo celular por meio de uma parceria da prefeitura com a empresa 99. Foram 11 milhões de SMS para 500 mil pessoas. “Isso aumenta probabilidade de se comunicar com as pessoas”, disse Ponzi.
Ainda com a 99, a prefeitura ofereceu corridas gratuitas para profissionais de saúde na linha de frente do combate à Covid-19.
Com todas essas ações, a gestão pública de Recife avalia que, apenas na última semana antes da live, cerca de 100 mil pessoas a mais ficaram em casa, reduzindo com isso a disseminação do vírus e aliviando o atendimento sistema de saúde.
Saiba mais detalhes sobre as ações assistindo à live completa.
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