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Instituto Arapyaú pauta bioeconomia, restauração florestal e filantropia em prol da natureza e das pessoas na Climate Week de NY

O evento é realizado todos os anos em parceria com a Assembleia Geral das Nações Unidas e em coordenação com a cidade de Nova York. Crédito: Shutterstock

A Climate Week de Nova York é um dos principais eventos no calendário global sobre mudanças climáticas e reúne milhares de líderes do setor empresarial, filantropia, políticos e sociedade civil em diferentes debates. Um de seus diferenciais é incluir o setor privado nas estratégias e ações climáticas, criando um espaço para discutir financiamento climático e para promover oportunidades de investimento sustentável. Este ano, em meio a mais de 600 eventos entre os dias 22 e 29 de setembro, o Instituto Arapyaú emplacou uma agenda própria na cidade, com palestras, debates e mesas redondas sobre restauração florestal, bioeconomia e ciência, entre outros temas. 

Para Renata Piazzon, diretora-geral do Arapyaú, a Climate Week é uma grande oportunidade para a filantropia se conectar ao setor privado. “É importante construir essas parcerias estratégicas para criar soluções conjuntas, sistêmicas e escaláveis para os desafios climáticos”. Além de representar o Instituto em Nova York, Renata também viajou com a missão de apoiar redes incubadas pelo Arapyaú, como Uma Concertação pela Amazônia e a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. 

‘Está na hora’ foi o tema escolhido para edição de 2024 da Semana do Clima. Crédito: Climate Group

O Arapyaú construiu uma extensa agenda própria na Climate Week. O que isso representa para a organização e seus objetivos?

Nunca estivemos em tantos ambientes, como reuniões bilaterais, reuniões estratégicas e falas em painéis na Climate Week. Esse espaço político conquistado pelo Arapyaú é importante para influenciarmos a agenda climática do Brasil no mundo e posicionarmos o país como um hub de soluções ambientais para o planeta. Temos trazido um olhar cada vez mais propositivo em nossos eventos, voltado para soluções, em parceria com setor privado, sociedade civil e governos. 

Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, que sediará a primeira COP na Amazônia no ano que vem. Quais são os assuntos que nortearam os debates sobre o país em Nova York?

A bioeconomia foi um dos temas mais presentes nos debates e, pela primeira vez, a filantropia internacional que atua na agenda climática passa a falar em nature philanthropy. É uma agenda mais abrangente, que inclui clima, natureza e pessoas. 

Qual a relevância da bioeconomia e dos sistemas alimentares sustentáveis para os debates atuais sobre a agenda do clima? 

A agenda de sistemas alimentares é bioeconomia. Inclui agricultura regenerativa, promoção de sistemas agroflorestais, de integração de lavoura, pecuária e floresta. São alternativas econômicas para manter a floresta em pé. A conexão entre bioeconomia e gastronomia, por exemplo, aproxima essa agenda das pessoas. Gastronomia é uma das poucas agendas que ainda não está polarizada. Todo mundo gosta de comer uma boa comida e contar a história dos biomas por meio do alimento pode ser transformador. 

Por isso, convidamos a chef Bel Coelho para apresentar seu trabalho com produtos locais da Amazônia e contar as histórias de pequenos produtores que fazem seu sustento com a floresta em pé, levando comida para o prato das pessoas e ajudando a preservar nossa biodiversidade. 

Um dos eventos do Arapyaú, Climate Politics and Climate Science, debateu as intersecções entre política e ciência climática. Quais são os principais desafios para aproximar essa agenda? E quais as oportunidades uma vez que elas estejam alinhadas?

Nessa agenda, promovemos um debate com a sociedade civil, com Johan Rockström, um dos maiores cientistas climáticos do mundo, Ana Toni, secretária nacional para Mudança do Clima, e o embaixador André Corrêa do Lago. Quisemos promover essa conversa porque um dos principais desafios está na tradução da ciência para além do catastrofismo. As notícias não são boas. Provavelmente chegaremos ao aumento de 1,5ºC na temperatura terrestre muito antes do previsto. Isso demandará não apenas transição energética, mas também investimento em natureza, com ações de restauração florestal e pelo fim do desmatamento. Traduzir a ciência climática em ação política, para cortarmos em 50% as emissões até 2030 e chegarmos ao net zero em 2050, é o principal desafio. A oportunidade de conexão entre as agendas de ciência e política é imensa. Incentivar ciência, tecnologia e inovação, por exemplo, na agenda de bioeconomia, é uma premissa para o desenvolvimento da Amazônia, e, como filantropia, precisamos pautar essa narrativa.

Giulie Carvalho

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