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MapBiomas cacau (fase 2)

mapbiomas cacau: mapeamento de áreas potenciais para sistemas agroflorestais com cacau, fase 2.

O Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso da Terra do Brasil (MapBiomas) é uma iniciativa que envolve uma rede colaborativa de especialistas visando contribuir para o entendimento da dinâmica do uso e cobertura da terra no Brasil. Esta iniciativa já produziu mapas de uso e cobertura da terra para todo território brasileiro de 1985 a 2019 (veja mais em https://mapbiomas.org/).

Com um foco mais regional, o MapBiomas Cacau nasceu de demandas – tanto por parte de Universidades, ONGs, Ministério Público, como do setor privado – de maior detalhamento do mapeamento do uso e cobertura da terra na região cacaueira do Sul da Bahia. Na primeira fase, executada de junho de 2019 a maio de 2020, o projeto abrangeu seis municípios; Canavieiras, Ilhéus, Itabuna, Itacaré, Una e Uruçuca (daqui em diante referidos como G6), que juntos cobrem aproximadamente 5,8 mil km2, uma ex- tensão territorial similar à do Distrito Federal. Partindo da expertise acumulada no MapBiomas Mata Atlântica, aliada ao estabelecimento de uma rede de parceiros locais e ao uso de novos dados de satélite, foi possível gerar um mapa que distingue as classes “floresta”, “cacau sombreado”, “áreas não florestadas”, “área urbana” e “água” com exatidão satisfatória.

Para ampliar os potenciais benefícios dos resultados obtidos na primeira fase do projeto, o Instituto Arapyaú, financiador do MapBiomas Cacau até então, decidiu investir esforços em detalhar a classe de uso do solo denominada “áreas não florestadas”, que incluía na primeira versão do mapa principalmente pastos, agricultura e áreas naturais não florestais. Isto porque a separação das áreas de pasto das demais é o primeiro passo para estimar áreas potenciais a serem recuperadas através do estabelecimento de sistemas agroflorestais (SAFs) que tivessem o cacau como principal produto. Estas áreas poderiam assim garantir um melhor provimento de serviços ecossistêmicos, como conservação do solo, manutenção da biodiversidade e do ciclo hidrológico, e ao mesmo tempo fortalecer a cadeia do cacau, gerando segurança alimentar, benefícios socioeconômicos e diminuindo a pressão sobre as florestas da região.

Para estimar, entre as áreas de pasto, quais seriam adequadas para o estabelecimento destes SAFs, montou-se um grupo de trabalho multidisciplinar composto por 23 especialistas em análises de dados geoespaciais e em aspectos agronômicos, econômicos e relaciona- dos à legislação ambiental, ligados a 12 instituições com forte histórico de atuação na região. Estes profissionais contribuíram para a definição das variáveis a serem consideradas no mapeamento e dos critérios a serem adotados, respondendo perguntas como por exemplo: quais classes de solos são consideradas viáveis e quais são inviáveis?; até qual declividade o estabelecimento e exploração destes SAFs é viável?; entre muitas outras. Para responder a essas perguntas e localizar no território as áreas potencias para SAFs com cacau, foram levantados e sistematizados dados georreferenciados de 13 temas, que foram então cruzados com o mapea- mento de pastos acima mencionado.

Este relatório detalha os métodos adota- dos e apresenta os resultados preliminares obtidos nesta nova etapa do MapBio- mas Cacau. Espera-se que este trabalho contribua para a recuperação de áreas degradadas e para o fortalecimento da cadeia do cacau na região, estimulando o equilíbrio entre uso econômico e preservação ambiental.

Carmen Guerreiro

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