Como criar diálogos em uma região tão complexa como a Amazônia em meio à crescente polarização política? Esse foi um dos desafios endereçados durante debate da Climate Week pelo biólogo Roberto Waack, presidente do conselho do Instituto Arapyaú e membro do movimento Uma Concertação pela Amazônia.
O evento, organizado pela ONG Climate Group em parceria com as Nações Unidas e a cidade de Nova York, visa a criar um espaço para a troca de ideias antes da realização da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP26, em novembro, em Glasgow, na Escócia.
Durante o debate “Redes Pelo Clima: Iniciativas da Sociedade Civil e do Setor Privado na Agenda da Sustentabilidade”, Waack apresentou o papel da Concertação na construção de uma visão de longo prazo para a Amazônia. Esse trabalho, ressalta, é feito a partir da contribuição de múltiplos atores e do equilíbrio entre as diversas expectativas para a região, em um contexto de polarização política no Brasil e no mundo.
“Precisamos de visões para a Amazônia no plural. Abrir essa discussão e estar aberto para as diferentes formas de olhar leva à consolidação de uma visão de longo prazo a respeito da Amazônia. E não existe uma Amazônia só, temos multiplicidade do ponto de vista cultural, econômico. Ela é muito fragmentada e precisamos lidar com toda essa complexidade. Isso é um dos desafios que a Concertação enfrenta”, explicou Waack no evento.
A percepção é embasada empiricamente pelos 14 meses de conversas envolvendo os mais de 400 membros da Concertação, que culminaram na elaboração do documento “Uma Agenda pelo Desenvolvimento da Amazônia”. A primeira versão da proposta foi aprovada na plenária virtual da Concertação em 13 de setembro e uma nova versão, que está recebendo contribuição dos participantes da rede, será apresentada na COP26.
Na Climate Week, Waack lembrou a importância de um planejamento detalhado como o proposto pela Concertação, uma vez que “quando pensamos em desenvolvimento de modelos, se não levarmos isso tudo em consideração, nós desconectamos o modelo da realidade”.
Um dos objetivos do documento é aproximar as múltiplas realidades da Amazônia às discussões internacionais na COP26, especialmente considerando que ambas são muito distintas, ressaltou.
O desafio de propor esse debate em um cenário politicamente polarizado como o atual é ainda maior, como lembrou Felipe Carazo, do Ponto Focal e FACT Dialogue, que também participou do evento. “Queremos atingir um resultado, mas às vezes ficamos pressionados dentro de uma discussão polarizada muito maior. É difícil conseguir debater sobre o valor da Amazônia e de se ter coalizões. É importante mencionar que precisamos juntar todas as ações que possibilitem a criação dessa agenda”, disse.
Trazer visões distintas para a Conferência e fazer com que todas tenham espaço é também uma preocupação das outras redes presentes no debate. Como destacou Florian Reber, líder de Engajamento Comunitário do projeto de conservação florestal 1t.org, do Fórum Econômico Mundial, dar espaço às diversas vozes será um dos maiores desafios do evento.
“Precisamos criar eventos públicos em Glasgow para ter espaço para essas vozes, não só individualmente, mas de forma conectada. Nem todo mundo vai poder estar lá. Não é um lugar que vai permitir tanta inclusão, não vai ser muito fácil chegar até lá. Eu acho que todos temos que nos esforçar para que esse evento seja participativo e inclusivo,” comentou.
O debate da Climate Week 2021 também contou com a presença de Fabíola Zerbini, diretora regional para América Latina da Tropical Forest Alliance e Marcelo Furtado, membro da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. O evento pode ser conferido na íntegra aqui.
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