Menos de 25% da superfície terrestre permanece livre de impacto humano, de acordo com o Programa da ONU para o Meio Ambiente (UNEP). Para evitar o agravamento de questões como crise climática e a diminuição da biodiversidade e impedir uma crise múltipla global, a Organização propõe no relatório Navegando Novos Horizontes, divulgado em 16 de julho, ações políticas para que a humanidade se antecipe aos acontecimentos e se proteja dos novos desafios apresentados pela relação entre homem e natureza.
Já não podemos focar apenas na pressão das atividades econômicas sobre o meio ambiente. É preciso ter em mente que mesmo as soluções para o enfrentamento das mudanças climáticas demandam muitos recursos naturais”.
Izabella Teixeira, fellow do Instituto Arapyaú e integrante da rede Uma Concertação pela Amazônia.
Ela foi convidada pela UNEP, representando o Arapyaú, para assistir à apresentação do relatório, em Nova York.
Izabella destaca que os países detentores de recursos naturais precisam de visões mais estratégicas sobre como proteger esses ativos, especialmente num contexto global em que, como aponta o UNEP, “a velocidade das mudanças é surpreendente”. “Esse documento é muito revelador de como esses novos cenários impactarão nossa relação com a natureza. Nós teremos que ir muito além das agendas que estão colocadas hoje, como a Agenda 2030, e os próprios instrumentos para lidar com o clima. Vem aí uma revolução enorme na humanidade”, afirma.
Essas mudanças não são intangíveis. O relatório do UNEP mostra que a crise ambiental coloca em xeque e torna mais vulneráveis os sistemas de proteção social em diversos países, o que, por sua vez, ocasiona mais migrações, novos conflitos e desastres climáticos. Até mesmo a revolução digital se insere nesse contexto: os centros de dados que alimentam a inteligência artificial, por exemplo, demandam terras raras, minerais e grandes quantidades de água para serem construídos e mantidos.
O relatório é muito provocador. Trata dos limites sobre como avançar com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e do poder da agenda climática, enquanto reforça que esse é um tema geopolítico, de desenvolvimento e inovação”.
O documento é uma contribuição do UNEP para a Cúpula do Futuro, que acontecerá em setembro, também em Nova York, ocasião na qual os líderes mundiais devem se reunir para forjar um novo consenso global sobre como melhorar os resultados para as pessoas e o planeta. Izabella também estará presente no evento. “Os países devem adotar uma política de sustentabilidade, da mesma forma que se tem uma política do clima. Os desafios são muito mais robustos, e essas novas complexidades da diplomacia ambiental e da diplomacia climática precisam estar no radar da sociedade brasileira”, conclui.
Leia o relatório completo aqui (em inglês).