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Operação financeira inédita destina recursos para agricultores familiares e pequenos produtores de cacau no sul da Bahia

Mais de 150 pequenos produtores e agricultores familiares estão tendo acesso a uma operação de custeio inédita para manejo e produção de cacau no Sistema Agroflorestal (SAF) no sul da Bahia. Trata-se de um produto financeiro inovador para o agronegócio, o primeiro CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) com impacto socioambiental construído no modelo Blended Finance, ou seja, com recursos de investidores do mercado e de organizações filantrópicas. 

A destinação de créditos para a agricultura sustentável na região envolve também acompanhamento técnico e financeiro para os beneficiados, que será coordenado pela ONG Tabôa – Fortalecimento Comunitário. O CRA tem gestão da Gaia Securitizadora, concepção do Instituto Arapyaú, Instituto Humanize, Tabôa e assessoria jurídica da TozziniFreire Advogados. A operação contou ainda com parecer de segunda opinião da WayCarbon.

É uma iniciativa muito importante, pois demonstra que é possível e sustentável financiar com mecanismos de mercado financeiro a agricultura familiar e agroecológica. Por meio de processos inclusivos e simplificados da Tabôa, várias questões de acesso enfrentadas pelos agricultores às linhas oficiais de crédito foram superadas, para que esse crédito de custeio chegasse às mãos de agricultores familiares, especialmente cacauicultores em assentamentos. Além disso, esse crédito está vinculado ao acompanhamento técnico e financeiro de nossa equipe, que garante as melhores práticas de manejo sustentável, com mensuração de impacto socioambiental.” 

Roberto Vilela, diretor executivo da Tabôa.

Foram quatro anos para se chegar a um modelo com estrutura financeira que pudesse ser escalável e sustentável, para impactar o manejo sustentável do cacau na região no longo prazo. A expectativa é que essa primeira rodada gere ganho de produtividade de 30% aos agricultores.

A região tem uma carência histórica de acesso a crédito para produtores de cacau, por vários fatores, como muitos não serem alfabetizados, não terem avalistas ou ainda por estarem desatualizados nos cadastros necessários em políticas públicas como o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Nosso objetivo é que os investidores passem a considerar também o impacto socioambiental, além do risco e do retorno nos investimentos. E este CRA é um grande exemplo de equilíbrio destes três aspectos.”  

João Paulo Pacífico, da Gaia Securitizadora.

O CRA foi constituído na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), tem cota sênior de R$ 750 mil formada por investidores do mercado e cota subordinada de R$ 300 mil com investimentos da própria Tabôa. Até 2022, espera-se chegar a R$ 10 milhões. 

A operação foi destaque no jornal Valor Econômico.

Carmen Guerreiro

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