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Parceria entre financiados e financiadores: como os sistemas de avaliação podem contribuir para o fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil (OSC)

Thais Ferraz, gerente executiva do Instituto Arapyaú, participou do terceiro episódio da ‘Série Avaliação’, promovido pelo GIFE – associação dos investidores sociais do Brasil (institutos, fundações ou empresas) – que promoveu uma reflexão sobre como os sistemas de avaliação podem contribuir para o fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil (OSC) no relacionamento com seus investidores.

Ao lado de Paola Gongra, gerente executiva na Comunidade Educativa CEDAC, Thais participou do podcast tratando das práticas de monitoramento e avaliação para aprimorar as ações de investidores sociais no país. Segundo dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), o país tem mais de 820 mil OSCs que atuam em todo território nacional em diferentes frentes (Educação, Saúde, Meio Ambiente, Assistência Social, Cultura, Esporte, Direitos Humanos). Neste momento de pandemia, elas têm sido ainda mais essenciais, pois estão na linha de frente articulando, promovendo e implementando diversos projetos emergenciais além de desenvolver novas formas de atuar.

Confira a íntegra do podcast

A seguir, leia a opinião de Thais sobre monitoramento e avaliação de projetos: 

  1. Qual a importância do processo avaliativo na relação entre as OSCs e financiadores de projetos?

Os processos avaliativos são muito importantes para quem trabalha com articulação de iniciativas e apoio a organizações e projetos. Muito mais do que pensar exclusivamente na comunicação dos resultados, é importante estabelecer um processo transparente e que realmente gere valor para todos os envolvidos, entendendo as diferentes necessidades de cada uma das partes e considerando diferentes visões dos agentes. Os processos avaliativos devem ser estabelecidos de uma forma mais participativa e a questão da transparência é fundamental. 

  1. Qual a forma mais eficiente de apresentação dos dados no processo de avaliação?

As informações devem ser claras, acessíveis e customizadas para cada público envolvido no projeto, considerando métodos qualitativos e quantitativos. Os dados são muito mais úteis e bem compreendidos por determinados públicos, enquanto para outros funciona mais uma linha de storytelling (histórias contadas de maneira relevante com recursos audiovisuais, palavras e dados). Muitos estudos relevantes e relativamente complexos são transformados em mensagens muito simples e que geram muito valor. Um exemplo muito claro de como a gente pode transformar algo muito profundo em uma informação muito potente é a conhecida informação de que cada real que você investe em educação infantil, tem um retorno de R$ 17,00 – essa é uma informação clara, simples e poderosa.

  1. Como transformar um processo de avaliação em inteligência para a gestão do projeto?

Tão fundamental quanto fazer o processo de avaliação é estabelecer um sistema e uma estrutura de monitoramento que estejam conectados com o dia a dia da condução do projeto. A análise de etapas intermediárias são excelentes ferramentas para melhorar a gestão do projeto e aproximá-los dos resultados pretendidos.

  1. Como é a melhor forma de fazer isso?

É importante contar com a disponibilidade tanto do financiador quanto do financiado, numa relação de confiança e proximidade. O monitoramento gera aprendizado ao longo do tempo, permite proximidade e alinhamento durante o processo que evita surpresas no final.

  1. Como o monitoramento impacta na gestão do projeto?

Há três anos aqui no Arapyaú temos reduzido o volume de projetos, mas aumentado a dedicação em cada um deles. Isso nos permite sair desse papel tão estabelecido de financiador e financiado para começar a criar muito mais uma parceria entre organizações que realmente estabeleceram um plano em conjunto. As avaliações se tornam então a oportunidade de fortalecimento organizacional para o financiador e para o financiado.

  1. Qual o papel da articulação da rede no processo de avaliação?

É muito importante trabalhar em rede pois lidamos com desafios complexos. Acreditamos que o mais relevante é ter clareza da mudança desejada e realizarmos avaliações conjuntas periódicas para verificar os avanços, nos libertando da necessidade de definir qual ação determinou o impacto específico. É muito importante reavaliar o contexto externo periodicamente para fazermos eventuais ajustes nos nossos objetivos. 

Carmen Guerreiro

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