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Produtores de cacau do sul da Bahia passam a contar com seguro inédito contra mudanças climáticas

Modelo de sistema cabruca, com cacau plantado em meio à Mata Atlântica, garantindo a preservação das florestas.

Três fazendas de cacau em Ilhéus, no sul da Bahia, passaram a contar com um instrumento inédito de proteção a eventuais prejuízos causados por mudanças climáticas. Uma parceria entre o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as corretoras Newes Seguros e Wiz Corporate Partners, e o Instituto Arapyaú deu origem à primeira emissão de apólice de seguro rural paramétrico do país, que tem como objetivo minimizar os impactos que o excesso ou a falta de chuvas pode gerar para os produtores dessa região ao longo da safra. O seguro, que é desenhado sob medida para a realidade de cada produtor, foi aplicado a uma área de 140 hectares.

Neste caso, não é necessário que um evento climático gere um dano físico à fazenda para que o segurado tenha direito ao pagamento, como funcionaria numa apólice convencional. O produtor segurado poderá ser ressarcido em caso de volume inadequado de chuvas – o que pode prejudicar, por exemplo, a qualidade da amêndoa ali produzida, e a posterior comercialização do produto.

Para construir essa ferramenta, as corretoras envolvidas na iniciativa se valeram de dados gerados por estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ligado ao Ministério da Agricultura. Além de informações sobre o volume de chuvas, essas estações fornecem dados de intensidade de vento, temperatura, número de dias de sol, ocorrências de geada, granizo e inundações. O Arapyaú, por sua vez, auxiliou na definição dos parâmetros de impacto climático na produção, bem como na inserção de contrapartidas ambientais na apólice, relativas à preservação da Mata Atlântica. O seguro paramétrico incorpora indicadores de sustentabilidade para financiar o pagamento do prêmio do seguro com créditos de carbono – de modo que os cacauicultores não desmatem a floresta para outros usos.

Ricardo Gomes, gerente do programa Desenvolvimento Territorial do Sul da Bahia, do Arapyaú, explica como o mecanismo garante um fluxo mínimo de renda ao produtor: “É uma alternativa para oferecer, minimamente, uma garantia caso a chuva não corresponda em um período chave para a floração e desenvolvimento do cacau, um complemento de renda para o produtor e um reconhecimento do valor que tem esse meio de produção sustentável”, afirma.

O seguro vai cobrir perdas ocorridas entre agosto e setembro – período mais decisivo para a produtividade e a qualidade do cacau cultivado na região. Entre 2014 e 2016, uma seca severa acabou com a produção de 50 mil hectares de cacau da região nessa época.

Carmen Guerreiro

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