Programa de árvores nativas da Amazônia e Mata Atlântica recebe doação do Bezos Earth Fund

Programa de árvores nativas da Amazônia e Mata Atlântica recebe doação do Bezos Earth Fund
Foto: Ana Lee

O Programa de Pesquisa e Desenvolvimento de Silvicultura de Espécies Nativas (PP&D-SEN), focado no aprimoramento de árvores nativas da Amazônia e da Mata Atlântica, vai receber uma doação de US$ 2,5 milhões do Bezos Earth Fund, do empresário Jeff Bezos, fundador da Amazon.

Os recursos vão contribuir para aumentar o rendimento e a qualidade de 60 espécies nativas dos dois biomas, que possuem um papel central para o cumprimento das metas brasileiras em conservação, restauração e bioeconomia. A doação vai otimizar os custos de produção e gestão. 

Lançado em 2021 pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura com o apoio de diversos parceiros, o PP&D-SEN está agora em fase de estruturação e negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O programa é o primeiro do gênero no país, e prioriza espécies nativas de alto valor econômico e produtivo – como Araucária, Jequitibá-Rosa e Pau-Brasil na Mata Atlântica, e Andiroba, Cumaru e Copaíba na Amazônia. O projeto conecta institutos de pesquisa, universidades, empresas, governos, financiadores e ONGs em uma rede com o objetivo de promover o desenvolvimento tecnológico necessário para equiparar em escala a silvicultura de espécies nativas à dos principais setores agroindustriais brasileiros.

O recurso do Bezos Earth Fund será utilizado ao longo dos próximos três anos para viabilizar algumas das atividades do PP&D-SEN sob responsabilidade do Parque Científico Tecnológico do Sul da Bahia (PCTSul), que atua para oferecer alternativas para conciliar a produção de bens com a conservação da rica biodiversidade da Mata Atlântica na Bahia.

Entre as atividades, está a implementação de dois sítios de pesquisas para coleta de dados e estudos em um campo experimental. Também serão elaborados mapas de áreas prioritárias para plantio de espécies nativas, modelos de negócios e propostas de melhoria de conservação de áreas protegidas.

“O sul da Bahia já concentra um grande polo de produção florestal de eucalipto e, mais recentemente, tem se tornado um hotspot para vários investimentos voltados para instalação de projetos de sequestro de carbono e produção de madeiras nobres por meio da restauração e de reflorestamento misto de espécies nativas e sistemas agroflorestais. Os resultados do programa irão alavancar essas iniciativas e trazer muitos investimentos para produção florestal na região”

Daniel Piotto, professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e cientista principal do projeto junto ao PCTSul, em declaração ao site da Coalizão.
Pesquisa de árvores nativas da Amazônia e Mata Atlântica recebe US$ 2,5 milhões
Foto: Ana Lee

Contribuições do Instituto Arapyaú

A atuação do Arapyaú nesse projeto se deu antes da estruturação do PP&D-SEN. “Na verdade, o Arapyaú  faz parte dessa história de várias maneiras. Na busca de soluções sistêmicas para os desafios de clima e de biodiversidade, o instituto também teve influência direta na criação e estruturação tanto do PCTSul quanto da própria Coalizão”, afirma Ricardo Gomes, gerente do Programa Desenvolvimento Territorial do Sul da Bahia do Instituto Arapyaú. Ele cita o apoio do Instituto ao projeto de viabilidade econômica da Erythrina na Cabruca, uma árvore exótica presente no Sistema Agroflorestal de cacau na Bahia. A iniciativa foi um dos incentivos para o desenvolvimento do atual programa de silvicultura.

O fundo viabilizará também o desenvolvimento e a divulgação de modelos de silvicultura de espécies nativas e restauração produtiva para as zonas de amortecimento de áreas protegidas. O objetivo é reduzir a pressão de desmatamento e degradação e melhorar a biodiversidade no território. Ainda há previsão do desenvolvimento e da divulgação de pacotes de investimentos para potenciais investidores públicos e privados, para melhorar a gestão e a conservação de áreas protegidas nos biomas Amazônia e Mata Atlântica. 

Miguel Calmon, colíder da Força-Tarefa Silvicultura de Nativas da Coalizão Brasil e consultor sênior do WRI Brasil, avalia que esta atividade econômica tem potencial comparável com o de importantes commodities, como soja e milho. “O alto valor e a grande demanda nacional e internacional por madeiras nobres permitem que o investimento em reflorestamento gere lucro ao investidor, comunidades e proprietários rurais. Este é um dos melhores exemplos de como o desenvolvimento econômico pode ser alinhado à preservação ambiental”, afirmou à Coalizão.

Para Cristián Samper, diretor executivo e líder de Soluções para a Natureza do Bezos Earth Fund, embora as espécies de árvores nativas sejam essenciais para o enriquecimento, conservação e restauração das florestas, por muito tempo foram ignoradas, enquanto as espécies exóticas se beneficiaram de décadas de investimento privado. “Nossa parceria com o PCTSul e a Coalizão Brasil começará a reduzir a lacuna de pesquisa e coleta de dados sobre as espécies nativas. Vamos aplicar essas descobertas para obter resultados de conservação e restauração mais eficazes”, afirmou em nota à imprensa.

Leia reportagem sobre a doação no Valor Econômico.

Leia a divulgação publicada no site da Coalizão Brasil