Programa de Fellows do Arapyaú recebe novas integrantes

Em linha com o seu posicionamento de fomentar redes transformadoras – já que acredita que somente por meio da construção coletiva é possível alcançar um impacto sistêmico –, o Instituto Arapyaú deu início ao segundo ciclo do Programa de Fellows. Criado em 2021, o programa recebe agora duas novas integrantes: a especialista em justiça climática Andreia Coutinho Louback e a líder indígena Vanda Witoto.

Com trajetórias singulares, as novas fellows trazem conhecimento e bagagem prática ao Arapyaú e às redes parceiras, ao mesmo tempo em que reforçam sua liderança dentro de seus espaços de atuação. 

Fazer parte desse processo de construção, enquanto ativista e liderança indígena, é muito importante para mim e para o meu povo. É poder amplificar as vozes dos povos indígenas, sobretudo os da região que represento, o Amazonas, um estado que está fora de diversos espaços de discussão. Então, participar dessa instituição é reverberar nossas lutas e ver de que forma essas construções podem trazer um olhar para nossas comunidades”.

Vanda Witoto, líder indígena e fellow do Arapyaú

Nascida no Alto Rio Solimões, município de Amaturá, a 909 quilômetros de Manaus, Vanda Witoto tem o nome indígena de “Derequine”, que quer dizer “formiga brava”. É uma referência ao seu clã de saúvas e ao inseto que é sinônimo de cooperação, trabalho árduo e vida em comunidade. Além de dar significado ao seu nome, a bravura está na busca de Vanda por mais representatividade.

Primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no estado do Amazonas, trabalha como técnica de enfermagem, está se formando em pedagogia e já foi candidata à deputada nas eleições de 2022. Ela quer caminhar na vida política para lutar pelos direitos de seu povo.

Já Andréia Coutinho Louback é reconhecida como uma das vozes expoentes no debate de raça, gênero e classe dentro da agenda climática no Brasil. Nos últimos anos, construiu um legado nacional e internacional centrado nos valores da justiça climática. Jornalista formada na PUC-Rio, mestre em Relações Étnico-raciais pelo Cefet/RJ e Fulbright Scholar na University of California em Davis, Andréia também é conselheira da Casa Fluminense, do Climate HUB | Columbia Global Centers no Rio de Janeiro, da Prefeitura do Rio de Janeiro e da ActionAid.

Atualmente, a nova fellow do Instituto Arapyaú está construindo um projeto inédito, com o apoio da Open Society Foundations, que será lançado em breve. A temática será em torno das justiças climática e racial.

Acredito que podemos nos transformar em uma rede mais estratégica quando se pensa no tema da mudança climática com o olhar da justiça social em todas as suas nuances e lacunas. Essa é a minha missão, esse é meu propósito. Estou profundamente comprometida com a agenda no Brasil e fora do Brasil. A minha expectativa para esse fellowship é mostrar como todos os valores do Arapyaú – de colaboração, inovação, interdependência, gestão de impacto, empreendedorismo para a sustentabilidade – como tudo isso, com um olhar de gênero, de raça, classe e território, pode ser mais potente. Temos um país profundamente desigual, que ainda tem várias reparações históricas para fazer, a começar pela agenda do clima, que deixa muita gente para trás. Essa é a oportunidade e o compromisso multissetorial”.

Andréia Coutinho Louback, especialista em justiça climática e fellow do Arapyaú

“Por meio dos fellows, a gente entende as questões prementes do mundo e, ao mesmo tempo, reforça a agenda de cada um deles”, avalia Lívia Pagotto, gerente sênior de conhecimento do Arapyaú e responsável pelo Programa de Fellows. “É muito importante termos pessoas como a Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente, que está com a gente desde o início; a Vanda, que traz o mundo indígena; e a Andréia, que traz forte a pauta racial e de justiça climática”. 

No primeiro ciclo do programa, o Arapyaú lançou o livro “Inquietações de um Brasil contemporâneo: desafio das eras climáticas, digital-tecnológicas e biológicas”. A obra é fruto de debates do grupo e assinada de forma coletiva para indicar que o diálogo é possível e desejável. 

“Já fizemos uma primeira reunião com todos os fellows desse novo ciclo, num formato que chamamos de ‘Diálogos Inescapáveis’, com a ideia de levantar e debater questões do campo do desenvolvimento sustentável que estão colocadas para a sociedade e das quais não podemos fugir, como a transição energética. Esse é o espírito do nosso programa”, explica Lívia.