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Projeto de US$ 4,7 milhões quer fortalecer a cabruca para conter perda de biodiversidade no território

Após cinco meses de construção coletiva – que contou com a colaboração de diversos atores da cadeia do cacau, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) apresentaram em outubro o desenho do projeto que pretende investir US$ 4,7 milhões para fortalecer a produção do cacau cabruca no sul da Bahia. O financiamento será do Global Environment Fund (GEF), fundo global voltado para biodiversidade, mudanças climáticas  e uso da terra.

Ao estimular um sistema de cultivo que ocorre à sombra de árvores nativas da floresta, a iniciativa pretende reduzir e reverter as tendências de degradação e de perda da biodiversidade no território. O projeto Conservação da Mata Atlântica por meio do manejo sustentável de paisagens agroflorestais com cacaueiros tem previsão de início em meados de 2024, com duração de 48 meses.

Mais que o volume de recursos em si, a iniciativa tem uma importância simbólica, porque se trata de um reconhecimento internacional da cabruca como um modelo que garante segurança alimentar, manutenção de biodiversidade e renda para as famílias que dependem disso. Além disso, pode dar início a um ciclo virtuoso, atraindo mais investimentos para a cadeia do cacau na região.  

O Arapyaú apoiou a realização de um seminário, que ocorreu na Bahia, em maio, e o processo de articulação e de escuta dos mais de 130 participantes dos setores público, privado, sociedade civil, organizações de produtores, universidades e institutos de pesquisa. Ainda realizou o workshop de devolutiva aos atores do território, em outubro.

O instituto também apoiou o aporte de insumos para a elaboração do documento final do projeto, com dados e informações relevantes sobre o território, a cadeia de valor do cacau cabruca, atores-chave e partes interessadas. Essa contribuição se deu, principalmente, nas temáticas de governança e fortalecimento institucional, cadeia de valor do cacau cabruca e sistema de monitoramento e avaliação.

O resultado final desse processo de consulta e diálogo foi o levantamento e sistematização de informações essenciais para elaboração do projeto com um olhar integrado, que considera a conservação da Mata Atlântica, a manutenção das comunidades rurais e a sustentabilidade da cacauicultura”.

Ricardo Gomes, gerente de desenvolvimento territorial do Instituto Arapyaú.

O projeto abrange quatro componentes: governança dos múltiplos esforços de uso e conservação ambiental entre autoridades públicas e produtores; implementação e adoção de pacotes adequados de ferramentas e tecnologias de gestão; manejo sustentável; e desenvolvimento e fortalecimento de processos e mecanismos para um mercado verde baseado na melhoria da qualidade e diversificação dos subprodutos do cacau. Cada uma dessas frentes vai se desdobrar em uma série de ações.

O objetivo do programa é impactar pelo menos 3 mil beneficiários com ações de revitalização da cadeia de valor do cacau e de expansão de sistemas agroflorestais complexos e inovadores. Na prática, isso vai significar investimento em renovação e/ou adensamento das áreas produtivas de cacau, com seu devido acompanhamento técnico, planejamento e implementação de acesso a crédito rural para pequenos agricultores, capacitação de jovens para qualificação de mão-de-obra, entre outros.

No horizonte de quatro anos, o projeto espera ainda mobilizar mais US$ 58,2 milhões em investimentos para o sul da Bahia. “O investimento da filantropia internacional é estratégico porque induz a atração de mais capital concessional e amplia a chance de mais impacto do projeto”, afirma Gomes.

Heric Reis

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