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Um Diálogo para a Amazônia Possível propõe conciliação entre desenvolvimento econômico e preservação

Foto: Ricardo Ferrari

É possível conciliar desenvolvimento econômico e preservação na região amazônica. Esse foi o tema central do Diálogo para a Amazônia Possível, evento apoiado pela Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultura, pela Rede Brasil do Pacto Global e pelo Sistema B, além do apoio executivo do Instituto Arapyaú.

O Diálogo reuniu mais de 100 convidados, entre representantes da sociedade civil, academia, iniciativa privada, populações locais e autoridades em 22 de setembro na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O evento fez parte da Semana do Clima (Climate Week), que discutiu medidas para atenuar os efeitos do aquecimento global e que colocou a maior floresta tropical do mundo sob os holofotes do mundo.

O objetivo do chamado é construir uma agenda positiva para o desenvolvimento sustentável da Amazônia envolvendo diversos setores da sociedade. A proposta do grupo é preparar ações concretas a serem encaminhadas à Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP-25), que será realizada em dezembro, em Santiago do Chile.

“Problemas dessa dimensão não são resolvidos de forma isolada, seja pelos governos, seja pelo setor privado, seja pela sociedade civil. O que mobiliza esse encontro é a proposta de diálogo e construção conjunta”, observou na ocasião o empresário e conselheiro do Pacto Global da ONU, Guilherme Leal.

Guilherme Leal, fundador do Instituto Arapyaú, durante o encontro / Foto: Ricardo Ferrari

Foi exibido no encontro um curta-metragem sobre o desenvolvimento econômico sustentável da floresta. Dirigido por Fernando Meirelles e Juliano Salgado, e com nomes de peso como Maria Fernanda Cândido, Sebastião Salgado, Sophie Schönburg e Laurent Petitgand, o vídeo convida à reflexão sobre conciliar a potência natural e a econômica que caracterizam a região Amazônica.

Para Meirelles, profundo conhecedor da região e que esteve presente no evento, é fundamental que a sociedade em geral adote meios de produção e hábitos de consumo mais limpos, como empresas comprometidas com emissão zero de carbono e menor uso pelas pessoas de produtos de maior impacto ambiental. “A resposta para muitas questões está na natureza. Há pesquisas para se desenvolver bactérias que comem plástico, por exemplo.”

Curta de Fernando Meirelles com narração da atriz Maria Fernanda Cândido sobre Amazônia Possível foi exibido para a plateia de mais de 100 convidados / Foto: Sebastião Salgado

Vozes da academia e da iniciativa privada por uma Amazônia sustentável

O pesquisador do clima Carlos Nobre destacou que a Amazônia tem se aproximado de um ponto irreversível de perda de cobertura florestal e que por isso são necessárias ações urgentes. Para o cientista do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), é fundamental potencializar cadeias que já se revelam altamente produtivas e com baixo utilização de área da floresta, como o açaí, o cacau e a castanha. “Depois de 500 anos da chegada dos primeiros colonizadores, ainda há pouca visão do valor da floresta, mas temos exemplos de exploração sustentável de alto potencial econômico.”

O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Marcello Brito, contou um pouco da realidade vivida por empresários da Amazônia que procuram empreender dentro das leis e do quanto é importante conhecer a região, suas potencialidades e seus desafios sociais. Ao lembrar a recente crise das queimadas, fez um importante chamado à união de esforços pela floresta. “No futuro, vamos olhar para agosto e dizer que foi naquele mês que a sociedade se reconstruiu em um novo Brasil”, afirmou.

Participaram do Painel “Desenvolvimento e Preservação. É possível” o cineasta Fernando Meirelles, o pesquisador do IEA-USP Carlos Nobre, Denise Hills, da Natura, Marcello Brito, da ABAG, e Halla Tómasdóttir, do The B Team. A mediação foi de André Guimarães, diretor executivo do IPAM e da Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura. / Foto: Ricardo Ferrari

A diretora global de Sustentabilidade da Natura, Denise Hills, comparou o desmatamento ilegal e a perda da vegetação nativa da Amazônia à destruição de uma obra de arte natural e que precisa ser imediatamente impedida. “Nosso desafio é o que e como fazer para salvar a Mona Lisa, como fazer mais e melhor.”

Como representante da comunidade empresarial internacional, a CEO do The B Team, Halla Tómasdóttir, usou o recente “funeral” de um glaciar em seu país, a Islândia, para lembrar como os efeitos das mudanças climáticas são uma preocupação global. “Está suficientemente claro que o desafio do clima passa pelo enfrentamento das desigualdades econômicas e que é do interesse empresarial fazer negócios de uma maneira mais holística”, afirmou. “O Brasil deve se perguntar qual o seu propósito no mundo, e nossa mensagem é de que nós estamos com vocês”, completou.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o governador do Amazonas, Wilson Lima, assistiram ao debate e apontaram a relevância e a importância de se promover iniciativas desse tipo.

Mais informações no site: www.amazoniapossivel.com.br.

Carmen Guerreiro

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