É possível conciliar desenvolvimento econômico e preservação na região amazônica. Esse foi o tema central do Diálogo para a Amazônia Possível, evento apoiado pela Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultura, pela Rede Brasil do Pacto Global e pelo Sistema B, além do apoio executivo do Instituto Arapyaú.
O Diálogo reuniu mais de 100 convidados, entre representantes da sociedade civil, academia, iniciativa privada, populações locais e autoridades em 22 de setembro na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O evento fez parte da Semana do Clima (Climate Week), que discutiu medidas para atenuar os efeitos do aquecimento global e que colocou a maior floresta tropical do mundo sob os holofotes do mundo.
O objetivo do chamado é construir uma agenda positiva para o desenvolvimento sustentável da Amazônia envolvendo diversos setores da sociedade. A proposta do grupo é preparar ações concretas a serem encaminhadas à Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP-25), que será realizada em dezembro, em Santiago do Chile.
“Problemas dessa dimensão não são resolvidos de forma isolada, seja pelos governos, seja pelo setor privado, seja pela sociedade civil. O que mobiliza esse encontro é a proposta de diálogo e construção conjunta”, observou na ocasião o empresário e conselheiro do Pacto Global da ONU, Guilherme Leal.
Foi exibido no encontro um curta-metragem sobre o desenvolvimento econômico sustentável da floresta. Dirigido por Fernando Meirelles e Juliano Salgado, e com nomes de peso como Maria Fernanda Cândido, Sebastião Salgado, Sophie Schönburg e Laurent Petitgand, o vídeo convida à reflexão sobre conciliar a potência natural e a econômica que caracterizam a região Amazônica.
Para Meirelles, profundo conhecedor da região e que esteve presente no evento, é fundamental que a sociedade em geral adote meios de produção e hábitos de consumo mais limpos, como empresas comprometidas com emissão zero de carbono e menor uso pelas pessoas de produtos de maior impacto ambiental. “A resposta para muitas questões está na natureza. Há pesquisas para se desenvolver bactérias que comem plástico, por exemplo.”
O pesquisador do clima Carlos Nobre destacou que a Amazônia tem se aproximado de um ponto irreversível de perda de cobertura florestal e que por isso são necessárias ações urgentes. Para o cientista do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), é fundamental potencializar cadeias que já se revelam altamente produtivas e com baixo utilização de área da floresta, como o açaí, o cacau e a castanha. “Depois de 500 anos da chegada dos primeiros colonizadores, ainda há pouca visão do valor da floresta, mas temos exemplos de exploração sustentável de alto potencial econômico.”
O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Marcello Brito, contou um pouco da realidade vivida por empresários da Amazônia que procuram empreender dentro das leis e do quanto é importante conhecer a região, suas potencialidades e seus desafios sociais. Ao lembrar a recente crise das queimadas, fez um importante chamado à união de esforços pela floresta. “No futuro, vamos olhar para agosto e dizer que foi naquele mês que a sociedade se reconstruiu em um novo Brasil”, afirmou.
A diretora global de Sustentabilidade da Natura, Denise Hills, comparou o desmatamento ilegal e a perda da vegetação nativa da Amazônia à destruição de uma obra de arte natural e que precisa ser imediatamente impedida. “Nosso desafio é o que e como fazer para salvar a Mona Lisa, como fazer mais e melhor.”
Como representante da comunidade empresarial internacional, a CEO do The B Team, Halla Tómasdóttir, usou o recente “funeral” de um glaciar em seu país, a Islândia, para lembrar como os efeitos das mudanças climáticas são uma preocupação global. “Está suficientemente claro que o desafio do clima passa pelo enfrentamento das desigualdades econômicas e que é do interesse empresarial fazer negócios de uma maneira mais holística”, afirmou. “O Brasil deve se perguntar qual o seu propósito no mundo, e nossa mensagem é de que nós estamos com vocês”, completou.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o governador do Amazonas, Wilson Lima, assistiram ao debate e apontaram a relevância e a importância de se promover iniciativas desse tipo.
Mais informações no site: www.amazoniapossivel.com.br.
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