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setembro 4, 2025

Agronegócio brasileiro entre ciência, sustentabilidade e força política

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Nosso impacto

O que o Instituto Arapyaú está fazendo para impulsionar o desenvolvimento sustentável 
na Amazônia?

Produtividade e sustentabilidade caminham juntas: essa foi a principal mensagem do encontro realizado pelo Instituto Arapyaú e pela Fundação FHC, em São Paulo. Crédito: Vinícius Doti.

O agronegócio brasileiro só terá futuro se for capaz de mostrar que produtividade e sustentabilidade não são forças opostas, mas complementares. Essa foi uma das principais conclusões  do encontro promovido pelo Instituto Arapyaú e pela Fundação FHC, no dia 25 de agosto, em São Paulo.

Um dos pontos centrais do debate foi a urgência de conciliar  produção agrícola à conservação ambiental, combatendo o  desmatamento. Ludmila Rattis, cientista do IPAM Amazônia, apresentou um dado alarmante: 35% das 503 fazendas existentes no chamado Matopiba, região de expansão agrícola formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, já operam fora do ideal climático, enfrentando cada vez mais impactos nas safras. “Se continuarmos emitindo CO₂ como hoje, 100% dessas fazendas ficarão fora do ideal climático nos próximos anos”, alertou. 

Marcello Britto, secretário-executivo do Consórcio dos Estados da Amazônia Legal, enfatizou a importância de políticas regionais que conciliem agricultura e iniciativas climáticas, colocando a Amazônia como peça estratégica nesse equilíbrio. 

Experiências já em curso mostram que essa transição não é apenas possível, mas também necessária. Para a presidente do Sindicato Rural de Paragominas (PA), Maxiely Scaramussa Bergamin, adotar tecnologia e práticas sustentáveis deixou de ser uma escolha moral ou reputacional e se tornou uma condição econômica para quem deseja permanecer competitivo no mercado internacional. “Produzir com sustentabilidade é plantar o futuro que queremos colher”, resumiu ela. 

Outro ponto que mobilizou o debate foi a força política do agronegócio no Brasil e seus reflexos internacionais. A leitura dos especialistas é que o setor precisa ampliar o diálogo com a sociedade civil e com outros atores políticos para manter a legitimidade em um contexto de crescente pressão nacional e internacional. “O clima é, cada vez mais, uma agenda de desenvolvimento. É preciso desconstruir a ideia de que se trata de uma pauta exclusivamente ambiental”, afirmou Mônica Sodré, diretora-executiva da Meridiana, uma organização de inteligência política que apoia tomadores de decisão na conexão entre natureza e desenvolvimento econômico.

As crescentes exigências da agenda ESG no cenário global têm colocado o agronegócio brasileiro sob intenso escrutínio no exterior, mas também abrem espaço para um reposicionamento. A forma como o país responde a esses desafios pode projetar uma nova narrativa para o setor, valorizando iniciativas sustentáveis que já existem e consolidando o Brasil como protagonista em uma economia global de baixo carbono.

O consenso que emergiu das discussões é que ciência, inovação e articulação política precisam caminhar juntas. Mais do que proteger a imagem do setor, trata-se de garantir sua competitividade de longo prazo, fortalecer economias locais e contribuir para os compromissos climáticos globais. 

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