Pela primeira vez, o Brasil recebeu a cerimônia do Earthshot Prize, uma das maiores premiações ambientais do mundo, criada pelo Príncipe William para acelerar soluções capazes de regenerar o planeta até 2030. E as iniciativas brasileiras também tiveram um destaque inédito. A Re.green, startup nacional de restauração florestal, foi a vencedora na categoria “Proteção da Natureza”. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), mecanismo financeiro impulsionado pelo governo brasileiro para remunerar os países em desenvolvimento que preservam suas florestas, também estava entre os finalistas da premiação conhecida como o “Oscar da Sustentabilidade”.
Os dois projetos reafirmam o potencial transformador das soluções que nascem no país. E para dar visibilidade ao mundo desse potencial, o Instituto Arapyaú e o Instituto Itaúsa, à convite do Earthshot Prize, lançaram a publicação “Soluções Brasileiras para Problemas Globais”, que reúne outras 26 iniciativas nacionais que foram indicadas à premiação ao longo dos anos. O relatório foi lançado durante a cerimônia e entregue aos convidados como um presente simbólico do Brasil para o mundo.
A publicação traz soluções que vão do combate aos incêndios no Pantanal à restauração do Cerrado; da inovação em cadeias produtivas sustentáveis ao uso da tecnologia para monitorar mudanças no uso da terra; da força dos saberes tradicionais dos povos da floresta à criação de novas ferramentas financeiras para a proteção ambiental.
“O Earthshot Prize chega ao Brasil num momento em que o mundo precisa olhar para o país não apenas como guardião de biomas essenciais, mas como um laboratório vivo de soluções climáticas”, afirma Felipe Villela, diretor do Earthshot no Brasil. “As iniciativas desta publicação já estão gerando impacto real e podem inspirar transformações em escala global”, acrescenta.
Um dos exemplos em destaque é o projeto Restaurando o Futuro, que já plantou mais de 10 milhões de árvores nativas da Mata Atlântica no Pontal do Paranapanema, no oeste paulista, permitindo que a fauna volte a ocupar a região e também incentivando mudanças nas práticas de uso da terra por pequenos e grandes agricultores locais. Outro exemplo é a rede Origens Brasil, que conecta povos indígenas, quilombolas e populações tradicionais da Amazônia a empresas, para promover negócios com rastreabilidade e garantia de origem. Em 2024, a rede movimentou R$8 milhões em produtos da sociobioeconomia. Há ainda projetos como o Onçafari, que nasceu no Pantanal (e se expandiu para Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica) e que alia o ecoturismo, por meio da observação de animais, à conservação do bioma, gerando renda para as comunidades locais.
“Foi uma honra conectar o trabalho dos Institutos Arapyaú e Itaúsa ao prestígio do Earthshot Prize”, diz Renata Piazzon, CEO do Arapyaú. “É uma oportunidade de reforçar o protagonismo do Brasil na transição climática e mostrar ao mundo que as soluções já existem e podem ser ampliadas.”
Para Marcelo Furtado, diretor do Instituto Itaúsa, “o Brasil tem conhecimento, experiência e potência para liderar a agenda global de clima e natureza, mas ainda precisamos dar visibilidade a essa inteligência territorial.”
Mais do que um registro, esse compilado de soluções é um convite à ação, especialmente para quem pode ampliar escala, financiamento e políticas públicas. É o que defende Lívia Pagotto, diretora institucional do Arapyaú e coordenadora da publicação: “Trazemos exemplos de soluções em florestas, natureza, comunidades tradicionais e de povos indígenas que refletem a diversidade do Brasil e, ao mesmo tempo, são respostas a problemas globais. A expectativa é que esse documento inspire outros países a criar suas próprias soluções.”
