Os novos e complexos desafios que a Amazônia enfrenta exigem um projeto mais integrado e inovador para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do território. Essa é a ambição do projeto Amazônia 2030, iniciativa que reúne pesquisadores brasileiros e visa a desenvolver um plano de desenvolvimento sustentável para a Amazônia brasileira para os próximos governos.
Em sinergia ao esforço da Concertação de colocar a Amazônia na centralidade da sociedade brasileira, o projeto tem suas propostas consideradas no Plano de 100 dias, documento que vem sendo elaborado pela Concertação para ser implementado nos primeiros 100 dias do executivo federal, subnacional e Congresso Nacional.
As propostas do Amazônia 2030 foram debatidas no evento online da Uma Concertação pela Amazônia, com mediação do Derrubando Muros, um movimento cívico formado por empresários, investidores, banqueiros, políticos e intelectuais.
Segundo Adalberto (Beto) Veríssimo, coordenador da Amazônia 2030 e cofundador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o projeto tem como lastro um conjunto de 49 estudos já publicados e cerca de 60 pesquisadores envolvidos.
“Reunimos um conjunto robusto de evidências de que não é preciso desmatar para produzir. Além de não ser necessário, esse modelo de fato não trouxe desenvolvimento”, afirma Clarissa Gandour, coordenadora de Avaliação de Política Pública com foco em Conservação na Climate Policy Initiative no Brasil.
O modelo vigente, segundo a iniciativa, desperdiça oportunidades em pelo menos três frentes: mão de obra disponível, áreas abertas para produzir e estoque de carbono em florestas. Para os autores, qualquer conjunto de soluções para o desenvolvimento da Amazônia precisará levar em conta esses aspectos e três condições necessárias: desmatamento zero , ordenamento territorial e governança das finanças públicas.
De olho nas propostas em construção também pela Concertação para os 100 primeiros dias do novo governo eleito, Veríssimo defende uma estratégia de contenção de danos, com “revogaço” de medidas prejudiciais ao meio ambiente e reconstituição mínima do Ministério do Meio Ambiente e dos órgãos ambientais. Mas, além disso, afirma que será preciso compor um caixa para colocar de pé um plano de desenvolvimento da Amazônia que seja efetivo. “Essa é uma agenda de algumas centenas de bilhões de dólares, requer investimento maciço nos próximos dez anos”, explica.
Ele reforça que o papel do Estado será imprescindível, pois somente o governo consegue atuar em larga escala em questões como direitos de propriedade e o combate à violência e ao crime ambiental organizado. Leia a cobertura completa na Página22.