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Brasil reforça soluções baseadas na natureza nos debates do Fórum Econômico Mundial

Protagonismo do Brasil para liderar soluções climáticas foi destaque em Davos. Crédito: acervo.

Colocar o Brasil no centro do debate das soluções baseadas na natureza (SbNs). Foi com esse objetivo que o Instituto Arapyaú embarcou para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, realizado de 20 a 24 de janeiro. Há alguns anos, os líderes que participam do principal evento econômico do mundo também discutem como lidar com a maior e mais urgente das crises: a climática. E, este ano, o Arapyaú se juntou ao Instituto Clima e Sociedade (iCS), à plataforma Brazil Climate Institute (BCI), à Capital for Climate (plataforma de financiamento climático), ao fórum Climate Hub (Columbia Global Rio) e à re.green (empresa de restauração florestal) para mostrar que a natureza pode ser uma alternativa de desenvolvimento.

Como cerca de 55% do PIB mundial depende moderada ou altamente da natureza (dados da PwC), é necessário que muito mais financiamento seja deslocado de atividades que prejudicam a natureza para aquelas que a conservam. O Programa das Nações Unidas para o Ambiente estima que os investimentos anuais em soluções baseadas na natureza precisam aumentar de US$ 200 bilhões para US$ 542 bilhões até 2030 para enfrentar as crises climáticas, de biodiversidade e de degradação dos solos do planeta.

“O Fórum Econômico Mundial vem debatendo o tema das SbNs nos últimos anos, mas não sob a perspectiva brasileira. E a ideia do grupo foi apresentar o Brasil como um importante provedor desse tipo de solução”, explica Renata Piazzon, diretora-geral do Instituto Arapyaú. 

Esse debate é ainda mais estratégico em 2025, quando se celebra uma década do Acordo de Paris e a COP 30, que vai acontecer no coração da Amazônia, ressaltando a conexão intrínseca entre natureza e clima. A realização do encontro em Belém, no Pará, destaca o papel crucial de ecossistemas como a Amazônia nas soluções climáticas globais, preparando o terreno para discussões urgentes sobre o futuro do nosso planeta, especialmente em um contexto de conflitos regionais e transições políticas. 

Os resultados da última COP, em Baku, que não atenderam às expectativas de um financiamento climático robusto, reforçam ainda mais a necessidade de colaboração no tema, de uma liderança decisiva e compromissos audaciosos em Belém. “Como anfitrião da conferência, o Brasil estará no centro das negociações multilaterais, trabalhando para firmar acordos cruciais, impulsionar metas climáticas mais ambiciosas e destacar prioridades importantes, como SBNs, adaptação e transições justas”, afirma Renata. 

Esse foi um dos argumentos apresentados no painel “COP 30 in Brazil”, no dia 21, em Davos. Mediado pela diretora geral do Arapyaú e por Marina Cançado, cofundadora do BCI, o encontro reuniu nomes como Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente e fellow do Arapyaú; Maria Netto, diretora executiva do iCS; e Tony Lent, CEO do Capital for Climate, para discutir o contexto, os marcos críticos rumo a Belém 2025 e os principais resultados esperados. No mesmo dia, aqui no Brasil, foi feito o aguardado anúncio de André Corrêa do Lago, secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, como presidente da COP 30.

“O Brasil tem um cardápio farto de soluções baseadas na natureza, que já mostram impactos efetivos no enfrentamento das mudanças climáticas. A restauração florestal, por exemplo, é o caminho natural para a consolidação de uma economia baseada na natureza. O fato de existir quase uma França de terras abandonadas na região pode transformar o Brasil em uma potência ambiental”, defende Renata. 

Esse foi o tema de outro painel em Davos, no dia 22, do qual participaram o cientista Carlos Nobre, o CEO da re.green, Thiago Picolo, e Naomi Morenzoni, vice-presidente da empresa de software Salesforce. A restauração florestal tem um papel crucial no enfrentamento da crise climática, na melhoria da qualidade do solo e da água, na proteção da biodiversidade; e o país é uma das maiores referências globais nessa ciência, além de uma das regiões prioritárias para a restauração ecológica no mundo. A atividade pode mitigar de 0,15 a 0,5 gigatoneladas de CO2 por ano até 2030, gerando até US$ 50 bilhões em receitas no Brasil, e é um fator chave para uma economia global de emissões líquidas zero.

Pelos métodos tradicionais de contabilidade, uma floresta só tem valor monetário quando é cortada. Por isso, o grupo formado por Arapyaú e parceiros é parte de um esforço para atribuir valor econômico à natureza. Ferramenta fundamental nessa equação, a tecnologia – e seu potencial para mapear a biodiversidade e impulsionar bioeconomias na Amazônia – também foi pauta em Davos, em uma conversa entre Renata, Carlos Nobre e Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas, no dia 23. 

Toda essa mobilização no Fórum Econômico Mundial foi mais uma oportunidade de transformar debate em ação. Com ação coletiva e o envolvimento dos mais diversos setores é possível colocar em prática estratégias que permitam consolidar o Brasil como uma potência ambiental e econômica, com a natureza como aliada do desenvolvimento. 

Giulie Carvalho

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