
A Conferência do Clima em Belém reuniu sociedade civil, setor privado, governos, filantropia e ciência em prol de uma agenda de implementação de estratégias frente à crise climática. A ideia de fazer em rede, que é essência da atuação do Instituto Arapyaú, esteve ainda mais forte durante a COP30, quando a organização participou de debates e apoiou iniciativas de diversos parceiros. Um deles foi a Rede Conexão Povos da Floresta, que leva internet banda larga para comunidades indígenas, extrativistas e quilombolas, com quem o instituto dividiu o painel “Colaboração Radical: soluções climáticas por meio de redes diversas”, ao lado do MapBiomas, CNS, NIC.br e Uma Concertação pela Amazônia. A atuação da rede em Belém ampliou a participação dos povos da floresta no evento, especialmente em diálogos sobre clima, tecnologia e desenvolvimento sustentável.
Como uma das anfitriãs da Cas’Amazonia, espaço colaborativo em parceria com o Instituto Arapyaú e o Instituto Itaúsa, a rede Uma Concertação pela Amazônia fez o lançamento de publicações, organizou debates, rodas de conversa e experiências em temas tão diversos como bioeconomia, sistemas agroalimentares, saúde, segurança, juventudes, florestas, educação e cultura. “Levamos a Belém nossa missão de como trazer ideias da Amazônia para o resto do Brasil e do mundo e como tratar melhor de dados e ciência associados à cultura, ao que é sensível”, explica Lívia Pagotto, secretária-executiva da rede e diretora institucional do Arapyaú.
Um dos destaques da Concertação foi o lançamento do Dixit Amazônias, jogo ilustrado por artistas amazônidas, que propõe novas formas de diálogo sobre as “múltiplas Amazônias” — conservada, urbana, em transição, convertida e das águas — estimulando pertencimento e reflexão sobre o que significa viver e cuidar da região hoje. Exemplares foram distribuídos a centenas de participantes da COP30, incluindo ministros, enviados especiais, cientistas, ativistas e influenciadores, ampliando o alcance da iniciativa. No entanto, seu impacto principal será na educação: por meio de parceria com Secretarias Estaduais de Educação, oito mil kits serão enviados a escolas do Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Roraima e Tocantins.
Também ocorreu o lançamento do livro “Sistemas Agroalimentares e Amazônias”, uma parceria da Concertação com o Instituto Clima e Sociedade (iCS), editado pela Editora Jandaíra. Assinada por 47 autores, a obra propõe caminhos para uma transição agroalimentar justa, regenerativa e comprometida com o bem-estar das pessoas.
Já a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura promoveu mais de 20 painéis nas Zonas Azul e Verde e em outros pólos de discussão, como a Agrizone, pautando temas como agricultura tropical regenerativa, restauração, silvicultura de espécies nativas, pagamento por serviços ambientais e rastreabilidade da cadeia produtiva.
Na COP30, o ato de alimentar se transformou em ação climática, com 30% dos alimentos servidos sendo oriundos da agricultura familiar e agroecológica. Essa conquista foi resultado da mobilização da sociedade civil, do governo e de parceiros como a iniciativa Na Mesa da COP30. Com base nessa experiência inédita, a Cas’Amazonia recebeu a roda de conversa “Próxima Colheita: o futuro da Agroecologia no Estado do Pará”, que abordou esses aprendizados para projetar os próximos passos de expansão e consolidação desse legado.
O espaço colaborativo também foi palco do debate “Sistema Alimentar da Pesca Artesanal: soluções da Amazônia e da Mata Atlântica para um oceano em equilíbrio”, organizado pelo Instituto Linha D’Água. O encontro reuniu lideranças comunitárias, pesquisadores e organizações parceiras para discutir como a pesca artesanal e o extrativismo costeiro-marinho são chave para a segurança alimentar, a conservação da sociobiodiversidade e a adaptação climática. A mensagem central foi clara: justiça climática também passa por garantir peixe na mesa e direitos para quem vive do mar.
A pluralidade de vozes e saberes encontrou novo fôlego com o primeiro Pavilhão de Ciências Planetárias de uma COP, co-realizado pelo Instituto Arapyaú com o Planetary Guardians e outras instituições. O espaço foi liderado pelos cientistas Carlos Nobre e Johan Rockström e aproximou o conhecimento científico das decisões que moldam o futuro do planeta, conectando a tessitura das redes amazônicas ao debate global. Mais um exemplo de que só por meio da atuação colaborativa é possível lidar com os problemas complexos do clima, natureza e sustentabilidade.