Concertação quer influenciar plano de cem dias do governo eleito

Arte de Raiz Campos para a Concertação que quer influenciar debate eleitoral e se aproximar do eleitor
As artes de Raiz Campos, de Manaus, inspiraram o primeiro encontro da rede da Concertação do ano.

Neste ano, a iniciativa Uma Concertação pela Amazônia colocou o trabalho para a construção de uma agenda para os cem primeiros dias de um novo governo como um dos principais focos de sua atuação. 

A rede da Concertação atuará como um hub de inteligência política para influenciar o debate eleitoral e ajudar a construir uma visão de país que incorpore a Amazônia como um caminho para o desenvolvimento e como parte do Brasil do futuro. “Não fazemos advocacy. Como uma rede de diálogo e de conhecimento, pretendemos subsidiar várias iniciativas – como Amazônia 2030, Amazônia 2022, Coalizão e RAPS – com proposições para serem levadas para os candidatos”, explica Renata Piazzon, secretária executiva da Concertação e diretora do programa Mudanças Climáticas do Instituto Arapyaú.

Depois de lançar Uma Agenda de Desenvolvimento para a Amazônia na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), em novembro do ano passado, a iniciativa se prepara para traduzir essa agenda em propostas para os governos nacional, subnacionais e para o Congresso. Segundo Renata Piazzon, o primeiro momento de 2022 será de forte atuação do Grupo de Trabalho de Inteligência Política da rede, na tentativa de antecipar pautas e, ainda, fazer pressão para evitar retrocessos no Congresso Nacional. “Esse é um ano da concretude para a iniciativa. Além do foco em eleições, estruturamos todos os oito grupos de trabalho da Concertação para ações concretas”, explica.

Por meio da mobilização e pelo diálogo com os eleitores, principalmente os jovens, a rede espera aumentar o número de parlamentares eleitos que defendam a pauta ambiental. Além da bancada, a meta é criar um plano de cem dias para o governo eleito. A espinha dorsal é o combate ao desmatamento, mas essa é uma agenda integrada, que exige também a discussão de temas como segurança pública, saúde, economia, questões indígenas, entre outros.

Algumas dessas discussões foram apresentadas na primeira plenária do ano da Concertação, que teve como tema “Amazônia e as eleições de 2022”. O encontro aconteceu em 14 de fevereiro, com condução do jornalista e escritor Fernando Gabeira e mais de 180 participantes. Além da urgência de posicionar a Amazônia no debate eleitoral, os participantes destacaram as dificuldades específicas da região, como a corrupção atrelada ao desmatamento; os índices de violência e de evasão escolar superiores ao restante do país e a manutenção de um ecossistema da criminalidade no território. 

O início do encontro foi marcado por uma mensagem do fotógrafo Sebastião Salgado, gravada na estreia em São Paulo de sua exposição “Amazônia”, fruto de uma vivência de quase dez anos fotografando a região. Ele pediu que os brasileiros votem apenas em candidatos que tenham um programa concreto de proteção da Amazônia e das comunidades indígenas.

Hoje a biodiversidade é extremamente importante e nós, no Brasil, possuímos a maior concentração de floresta tropical do mundo. Todos juntos seremos capazes de proteger o bioma amazônico”

Sebastião Salgado, fotógrafo

Assista ao vídeo com a fala de Sebastião Salgado no Instagram da Concertação