“Fortalecer a cacauicultura brasileira por meio da valorização dos produtores e do incentivo à sustentabilidade em todo o processo produtivo.” Esse é o objetivo do Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil que, em sua quarta edição, premiou os vencedores em evento no dia 25 de novembro, em Belém, no Pará. Dos 20 finalistas, oito ganharam prêmios que somaram R$ 50 mil, em duas categorias: varietal (variedade única de cacau) e mistura (blend de variedades).
Entre os vencedores desde o ano passado, o estado de Rondônia começa a despontar no mercado de qualidade e este ano levou o primeiro lugar na categoria varietal. Todos os outros estados produtores de cacau do Brasil também foram contemplados com prêmios na categoria varietal: a Bahia dividiu o segundo lugar com o Pará, e o Espírito Santo ficou com a terceira posição. Já a categoria Mistura (blend de variedades) foi liderada pelo estado do Pará.
“Essa competição provoca uma mudança de mentalidade dos produtores e na forma como eles estão produzindo cacau. Além de reforçar a qualidade com sustentabilidade e a reputação do cacau de origem Brasil, está nas nossas metas aumentar o número de produtores engajados nesse movimento e dispostos a participar do concurso”, diz Cristiano Villela, diretor científico do Centro de Inovação do Cacau (CIC), entidade organizadora do evento, juntamente com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).
A estratégia dos organizadores, representados pelo Comitê Nacional de Qualidade de Cacau Especial (CNQCE), é que o concurso seja realizado de forma alternada no Pará e na Bahia, os dois principais produtores do país. Este ano, o Pará teve uma maior representatividade entre os finalistas e vencedores, reflexo do apoio do governo do estado à cacauicultura e da ação de ONGs que desenvolvem trabalhos de assistência técnica voltada para a melhoria da qualidade, como a Solidaridad e o Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola). “Essa rede de apoio aos cacauicultores paraenses vem fazendo a diferença ano a ano, aumentando a participação e as premiações recebidas pelos produtores. Rondônia também está prometendo uma verdadeira revolução, aumentando o número de produtores e o engajamento nas pautas de qualidade e sustentabilidade”, aponta Cristiano.
Lançado em 2021, o Currículo de Sustentabilidade do Cacau é uma referência de sustentabilidade para produtores cacau, técnicos e instituições na busca pela melhoria contínua da produção atrelada à redução dos impactos negativos oriundos da atividade. O documento contou com elaboração coletiva e incluiu toda a cadeia: governo federal e governos estaduais, indústrias, representantes de produtores, cooperativas, serviços de assistência técnica e extensão rural, institutos — como o Arapyaú —, associações, entidades de classe, entre outros atores relevantes.
A adoção de práticas sustentáveis promove melhorias em relação à utilização dos recursos naturais, como solo e água. “O produtor que incorpora práticas sustentáveis ao seu sistema de produção também tem a oportunidade de obter melhores resultados financeiros, uma vez que a gestão eficiente dos recursos economiza insumos, melhora a produtividade e a qualidade das amêndoas, e permite o controle dos custos de produção”, avalia Ricardo Gomes, gerente do programa Desenvolvimento Territorial do Sul da Bahia, do Instituto Arapyaú.
O Currículo de Sustentabilidade do Cacau também servirá como referência e base de preparação para as propriedades que, no futuro, optarem por obter certificações e buscar novos mercados.
É com base nesse documento que o Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil avalia as condutas de produção dos participantes. No ato de inscrição, os produtores respondem a um questionário sobre produção sustentável e, na etapa final, recebem a visita de auditores em suas propriedades para verificar as informações declaradas. “Os produtores estão cada vez mais empenhados em cumprir os critérios de sustentabilidade, pois não basta apenas ser o melhor cacau do Brasil, ele tem de ser também produzido de forma mais sustentável”, destaca Cristiano Villela.
Esta edição do Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil funcionou também como etapa classificatória para o Cocoa of Excellence (CoEx), premiação internacional realizada bienalmente em Paris, França. Além dos oito premiados no concurso nacional, o produtor paraense William Paulo Broechl também foi classificado para o prêmio mundial, que acontece em 2023 durante o Salon du Chocolat de Paris.
O Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil é uma iniciativa conjunta da cadeia de cacau através do CNQCE, patrocinada pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Estado do Pará (SEDAP-PA)/FUNCACAU, Mondelez – Cocoa Life, Nestlé – Cocoa Plan, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Cacau Show, Dengo Chocolates, Cargill, Gencau, Harald e SENAR-BA.
Categoria Varietal
1° lugar: Deoclides Pires da Silva – Jarú (PA) – variedade CCN51
2° lugar: empate entre Luciano Ramos Lima – Ilhéus (BA) – variedade BN34 e Mirian Federicci Vieira – Medicilândia (PA) – variedade Alvorada 1
3° lugar: Ana Cláudia Milanez Rigoni – Linhares (ES) – variedade SJ02
Categoria Mistura
1° lugar: João Rios – Novo Repartimento (PA)
2° lugar: Francisco Pereira Cruz – Novo Repartimento (PA)
3° lugar: empate entre Lídia Rosa dos Santos Souza – Uruará (PA) e Robson Brogni – Medicilândia (PA)