O Brasil conquistou pela segunda vez o selo de país exportador de cacau com 100% de qualidade, concedido pelo Conselho da Organização Internacional de Cacau (ICCO). A instituição avaliou as especificidades do produto de 29 países ao redor do mundo, e apenas oito receberam aprovação total – o Brasil foi um deles. A informação foi divulgada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) em junho.
A certificação é resultado do trabalho realizado pelos produtores, organizações do terceiro setor (como Arapyaú e o Centro de Inovação do Cacau) e pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), que preparou, submeteu e defendeu o dossiê para o Conselho Internacional de Cacau. Esse reconhecimento posiciona o Brasil de forma importante no exterior e abre oportunidades para ampliação de novos mercados, especialmente no segmento de cacau especial.
“O reconhecimento internacional da qualidade do cacau brasileiro também é um incentivo para os produtores buscarem não apenas o cuidado com as amêndoas, mas também a produção sustentável e a rastreabilidade da matéria-prima do chocolate. Assim como na cadeia produtiva do café especial, onde há uma remuneração maior em relação ao café commodity, o mercado de qualidade oferece a possibilidade de agregar valor e renda para os produtores”, destacou Ricardo Gomes, gerente de Desenvolvimento Territorial do Arapyaú.
No sul da Bahia, região onde a produção de cacau de qualidade é predominante, muitos agricultores são pequenos produtores com dificuldade de acesso a crédito rural e assistência técnica especializada. Nesse sentido, o Instituto Arapyaú, em conjunto com Taboa Fortalecimento Comunitário, Instituto Humanize e Grupo Gaia, desenvolveu o primeiro CRA Sustentável do Brasil, que beneficia os cacauicultores por meio do crédito e da assistência técnica. Mais de 200 famílias de cacauicultores na Bahia já foram contempladas, e uma segunda rodada do programa está sendo implementada, abrangendo também o estado do Pará.
O serviço de assistência técnica tem sido essencial para garantir boas práticas de produção, aumento de produtividade e melhoria da qualidade das amêndoas dos produtores de cacau. Com o programa, os agricultores têm a oportunidade de desenvolver suas atividades de forma sustentável, melhorar sua renda e contribuir para o fortalecimento da cadeia do cacau no país.
O Concurso Nacional de Cacau Especial é uma ação importante para incentivar a melhoria da qualidade e da sustentabilidade na produção de cacau no Brasil. Agora em sua quinta edição, o concurso tem inscrições abertas até o dia 5 de agosto e oferece prêmios no valor total de R$ 60 mil, que serão distribuídos entre os primeiros, segundos e terceiros colocados em duas categorias: varietal (uma única variedade genética de cacau) e blend (mistura de variedades). O edital com as informações e formulário para inscrição estão disponíveis no site www.omelhorcacaudobrasil.com.br.
O concurso é uma iniciativa conjunta da cadeia de cacau e é organizado pelo Centro de Inovação do Cacau (CIC), entidade apoiada pelo Arapyaú, em parceria com a Ceplac, a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) e a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab).
Além de selecionar as melhores amêndoas de cacau produzidas no Brasil, o concurso também avalia as práticas de produção dos participantes. Essa avaliação é baseada no Currículo de Sustentabilidade do Cacau, um documento de referência de sustentabilidade para produtores de cacau, técnicos e instituições envolvidas na busca pela melhoria contínua da produção, com foco na redução dos impactos negativos decorrentes da atividade. Lançado em 2021, o documento foi elaborado de forma colaborativa e envolveu toda a cadeia produtiva, incluindo o governo federal e estadual, indústrias, representantes de produtores, cooperativas, serviços de assistência técnica e extensão rural, institutos como o Arapyaú, associações e outras entidades relevantes.
Os vencedores do concurso serão anunciados durante uma cerimônia realizada em Ilhéus, no sul da Bahia, no próximo dia 24 de novembro. Essa premiação é uma forma de reconhecer e valorizar os produtores de cacau que se destacam pela qualidade de suas amêndoas e pelo compromisso com práticas sustentáveis em suas atividades.