O mundo está com os olhos voltados para discussões sobre o clima, e os grandes eventos globais da Cúpula de Líderes sobre o Clima e da COP26 deste ano. Em paralelo ao setor público, debates e manifestações da sociedade civil em torno do tema se destacaram recentemente, mostrando o interesse e a força da agenda climática. Nesse contexto, o fundador do Instituto Arapyaú e sócio-fundador da Natura, Guilherme Leal, conversou com repórteres da CNN Brasil e da Folha de S.Paulo sobre o assunto.
Estou feliz porque estamos defendendo que o uso inteligente do meio ambiente, capital natural que o Brasil tem em abundância, é uma agenda de oportunidades significativa. Ao longo dos anos, temos sido uma voz um pouco isolada – há mais de 30 anos estamos falando isso –, mas parece que o momento chegou. Isso vem crescendo e ocupando um espaço muito relevante na economia global, nas questões geopolíticas, dos investidores e dos financiamentos.”
Guilherme Leal, fundador do Arapyaú, em entrevista para a CNN Brasil
Para Leal, o debate climático tem sido levado cada vez mais a sério pelas elites e também por diversos políticos. “Acredito que quem não entrar nessa agenda será superado, seja política ou economicamente”, afirmou à CNN Brasil. As consequências econômicas para o país caso o tema não seja levado a sério e o desmatamento contido, segundo ele, podem ser graves, especialmente se chegar aos consumidores.
Por isso, o empresário ressaltou em ambas as entrevistas que é essencial melhorar a imagem do Brasil no exterior em relação às mudanças climáticas. “Investidores internacionais estão dizendo que não querem vir para cá por conta das questões ambientais. Parceiros comerciais estão com uma série de ruídos. E existe um risco disso chegar em consumidores, e aí não tem quem controle”, analisou na entrevista à Folha.
Em relação ao discurso do presidente Jair Bolsonaro na Cúpula, Leal avalia: “O discurso foi positivo, mas não está escorado na realidade, então a credibilidade continua em jogo. Para eliminar o risco e voltar a ter um protagonismo, aproveitando as oportunidades que toda essa agenda traz, temos que agir. Você pode não zerar com o desmatamento ilegal de um ano para o outro, mas pode reduzir, inverter a tendência de alta. Com isso vamos reconquistar uma credibilidade.” Esse papel do Estado, segundo o empresário, é fundamental.
Em adição a isso, Leal explica à Folha que “a sociedade é mais ampla e complexa do que o governo”, e por isso é essencial que haja diálogo entre setores diversos da sociedade sobre os desafios e as oportunidades relacionados às questões climáticas, a exemplo da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia.
A Concertação pela Amazônia é um processo de estímulo ao diálogo que reúne lideranças empresariais e políticas. Há mais de ano que a gente conversa. Temos diálogo. No Brasil e fora.”
Guilherme Leal, fundador do Arapyaú, em entrevista para a Folha de S. Paulo
Assista à entrevista em vídeo da CNN Brasil: Comportamento das elites com meio ambiente está mudando, diz sócio da Natura.
Leia a reportagem da Folha de S. Paulo: Investidores internacionais não querem vir para o Brasil por conta de questões ambientais, diz cofundador da Natura.