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Estudo aponta necessidade de protagonismo indígena na bioeconomia

Capa do estudo Bioeconomia indígena: saberes ancestrais. Crédito: Acervo

Um novo estudo elaborado pelos antropólogos indígenas Braulina Baniwa e Francisco Apurinã, em colaboração com a iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, WRI Brasil e parceiros, traz à tona a importância da bioeconomia indígena na preservação da Amazônia. 

Intitulado “Bioeconomia indígena: saberes ancestrais e tecnologias sociais“, o trabalho revela a riqueza dos conhecimentos tradicionais e as práticas sustentáveis dos povos originários e fornece insights para as políticas públicas, como a Política Nacional de Bioeconomia, o Plano de Transformação Ecológica e a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas.

Baniwa e Apurinã reforçam a importância da cosmovisão, do bem viver e de conhecimentos, práticas e tecnologias sociais nutridos pela sofisticada oralidade indígena à luz das discussões atuais sobre a economia da floresta em pé e dos rios fluindo.

Se no passado a economia indígena era dedicada à subsistência, consumo interno e trocas, na última década muitos povos indígenas passaram a comercializar o excedente da produção. Porém, apesar de sua relevância, ainda há muitos desafios para que as economias, produções e modos de vida indígenas sejam de fato reconhecidos.

As sociedades indígenas detêm um vasto conhecimento sobre a floresta e seus recursos, e o conceito de bioeconomia se confunde com suas próprias visões econômicas. Em um momento em que muitos povos indígenas estão cada vez mais envolvidos na comercialização de produtos excedentes, como café, pimenta e artesanatos, o estudo ressalta a importância de se reconhecer, valorizar e fortalecer essas práticas econômicas tradicionais.

“A bioeconomia talvez seja um alerta de que tudo tem que ser construído a partir da participação efetiva dos povos indígenas. Olhamos a natureza com olhar de pertencimento, uma relação de parentesco. A gente tem ciência e pode fazer economia de forma sustentável”, ressalta Apurinã, um dos autores do estudo.

O lançamento do estudo ocorreu durante o webinar da série de debates Notas Amazônicas promovido pela Página 22. O encontro foi transmitido pelo Youtube no último dia 22 de fevereiro e contou com a participação dos autores do estudo e do secretário Nacional de Direitos Territoriais Indígenas, Marcos Kaingang, além da moderação feita pela jornalista e ativista indígena Ariene Susui.

“O webinar marcou o lançamento de um documento muito importante, que busca dar visibilidade aos conhecimentos ancestrais na discussão sobre bioeconomia. Sabemos que o modelo de produção dos povos indígenas ainda não entra nas estatísticas nacionais, mas este trabalho surpreende muito ao mostrar a potencialidade, a qualidade e a abrangência da bioeconomia para os povos originários”, afirma Fernanda Rennó, gestora de Cultura de Uma Concertação pela Amazônia. 

Confira o webinar aqui.

Heric Reis

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