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setembro 4, 2025

ExpoCacau discute como tecnologia e inovação podem ampliar produção de cacau no Brasil

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Nosso impacto

O que o Instituto Arapyaú está fazendo para impulsionar o desenvolvimento sustentável 
na Amazônia?

ExpoCacau 2025, realizada em Ilhéus (BA), reuniu mais de 10 mil participantes entre produtores, pesquisadores, empresas e organizações parceiras para discutir como ciência, tecnologia e inovação podem impulsionar a cacauicultura brasileira de forma sustentável. Crédito: Graci Sá

O cacau, que já foi uma das principais atividades agropecuárias do Brasil, volta a ganhar atenção em meio à crise global de oferta. Com a queda da produção nos maiores fornecedores mundiais devido a questões climáticas, o país tem o potencial de ocupar um lugar de destaque no mercado internacional em função das suas práticas sustentáveis e inovadoras de cultivo.

Hoje, o Brasil produz cerca de 200 mil toneladas por ano, quantidade insuficiente para atender à demanda interna, estimada em 300 mil toneladas. A meta do Plano Inova Cacau 2030 — iniciativa do governo federal em conjunto com o setor produtivo — é mudar esse cenário: ampliar a produtividade nas áreas tradicionais, como o Sul da Bahia e o Pará, e expandir a fronteira de cultivo para regiões não convencionais, como Caatinga e Cerrado, com sistemas sustentáveis e de alta tecnologia. O objetivo é chegar a 2030 produzindo em torno de 450 mil toneladas de cacau.

A ExpoCacau 2025, realizada em Ilhéus entre os dias 26 e 28 de agosto, mostrou, na prática, como ciência, tecnologia e mercado já estão se conectando para alcançar essa meta. 

“Temos um agronegócio robusto e experiência em várias cadeias produtivas. Agora é hora de transferir esse conhecimento acumulado para a cacauicultura, mas de um jeito diferente do que o mundo fez até agora”, afirma Ricardo Gomes, diretor programático do Instituto Arapyaú. Ele lembra que, enquanto a Costa do Marfim perdeu 80% de suas florestas para o cacau, no Brasil 70% da produção está em sistemas agroflorestais — um diferencial competitivo diante de exigências internacionais, como a lei anti desmatamento da União Europeia. “O futuro do cacau brasileiro está em usar ciência e tecnologia para aumentar a produtividade sem abrir mão da floresta.”

Nesse movimento de modernização, a pesquisa genética tem papel central. O Centro de Inovação do Cacau (CIC), iniciativa apoiada pelo Arapyaú, lidera há mais de uma década ensaios experimentais para desenvolver variedades adaptadas a regiões irrigadas e semiáridas. Os estudos, conduzidos pelo professor Dario Ahnert desde 2012, priorizam três características: tolerância ao estresse hídrico, resistência a doenças e alta produtividade em sistemas tecnológicos.

Segundo Cristiano Villela, diretor do CIC, o desafio é colocar o produtor no centro desse processo. “Inovação não é só tecnologia, é pensar como o agricultor pode se inserir nesse ecossistema e se beneficiar das oportunidades. Nosso trabalho é aproximar pesquisa, mercado e produtor para transformar o cacau em um vetor de negócios e desenvolvimento sustentável.”

Na ExpoCacau, o CIC lançou a Escola do Cacau, plataforma online de capacitação, e fechou contratos para análises de amêndoas e solo, cursos técnicos e a captação de novos parceiros para o AgroCIC, projeto que transforma pastagens em sistemas agroflorestais produtivos. Voltada a produtores rurais, técnicos agrícolas, agrônomos e demais interessados, a Escola do Cacau estreia com um curso de interpretação de análises de solo e a recomendação de adubação como ferramentas para o aumento da produtividade e da rentabilidade no cultivo do cacau. 

O evento também foi vitrine para o movimento setorial Cacau Brasileiro: Gente, Floresta e Cultura. “Estamos construindo uma identidade para mostrar que o Brasil tem cacau de qualidade. E que por trás desse cacau existem florestas e pessoas”, reforçou Villela.

Com mais de 10 mil visitantes, a feira reuniu produtores, técnicos, pesquisadores, terceiro setor e empresas em painéis, cursos e rodadas de negócios.

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