O Brasil chegou ao meio de 2021 com a campanha de vacinação contra o coronavírus a pleno vapor, mas é importante lembrar que, enquanto não atingirmos a imunidade coletiva, a pandemia continua vitimando a população e pessoas vacinadas ainda podem transmitir o vírus. Pensando nisso, em uma parceria entre cientistas e gestores brasileiros, a Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (ANESP) e o Observatório Covid-19 BR, com apoio do Instituto Arapyaú, lançaram a campanha #InformarPrevenirSalvar no início de julho, com foco em gestores públicos municipais e agentes de saúde.
O objetivo é fornecer diretamente às gestões locais informações atualizadas de protocolos de prevenção contra a covid-19, com base em pesquisas científicas realizadas no mundo todo.
A campanha surge diante da constatação de que vários dos protocolos adotados, seja no setor público, seja no privado, estão desatualizados frente às descobertas científicas mais recentes e os protocolos internacionais. Tanto a OMS quanto o CDC nos Estados Unidos e o Ministério da Saúde no Brasil admitiram a transmissão pelo ar, e isso mudou a concepção que se tinha sobre como é necessário prevenir.”
Ricardo Lins Horta, gestor público federal e um dos idealizadores da campanha
Ricardo Lins Horta, gestor público federal e um dos idealizadores da campanha, explica que teremos que nos preocupar com a prevenção ainda por um bom tempo. “As formas de prevenção que se adotava são muitas vezes pouco eficazes”, explica. Exemplo disso, segundo ele, é a medição de temperatura das pessoas na porta de estabelecimentos. “É um gasto imenso de recursos públicos e privados com uma medida que sabemos hoje que é pouco eficaz, porque boa parte das pessoas que transmitem a covid-19 são pré-sintomáticas ou assintomáticas, ou seja, elas não têm febre.”
A campanha também quer estimular a agilidade na mudança de estratégias de combate ao vírus e, com isso, reduzir a transmissão enquanto a população continua a ser vacinada. Ricardo ressalta que, apesar de existirem diversas medidas de prevenção, hoje se sabe que três delas são principais, exigem pouco investimento e devem ser divulgadas o máximo possível: o uso correto e adequado de máscaras, a ventilação dos ambientes e o distanciamento social.
Outra preocupação da ação é com a forma de disseminar as informações para a população de maneira atrativa e simples. Para isso, foram criadas peças de comunicação editáveis e de fácil uso para que os gestores públicos possam adaptá-las à sua realidade.
Desde que foi lançada, a iniciativa já ganhou destaque em diversos veículos de imprensa, como o Jornal Nacional e o portal UOL. Segundo Ricardo, a campanha está começando um segundo ciclo, com capacitações específicas voltadas para gestores locais e agentes de saúde, para apresentar o material e responder eventuais dúvidas.
Assista à gravação da mais recente oficina virtual com agentes comunitários de saúde, realizada pelos especialistas Cláudio Maierovitch, médico sanitarista da Fiocruz e EPPGG; Márcia Castro, cientista e professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Harvard (Estados Unidos); Ilda Correia, presidente da Conacs; Vitor Mori, pesquisador na Universidade de Vermont (Estados Unidos); Gabriela Lotta, professora e pesquisadora da FGV; e Michelle Fernandez, professora e pesquisadora da UnB.
O desafio atual da campanha, afirma Ricardo, é conseguir chegar a um número máximo de municípios em um contexto de excesso de informações. Para isso, contam com uma rede de parceiros, como a Impulso, a Vital Strategies, o Instituto Alziras, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e o Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (CONECTAR).
Todo o conteúdo da ação está disponível na plataforma CoronaCidades.