Buscando formas de apoiar a agricultura familiar e torná-la cada vez mais sustentável, a ONG Tabôa iniciou uma experiência piloto na Bahia de uso de energia solar. O objetivo é avaliar se esse tipo de energia renovável é viável em unidades de produção familiar. Ou seja, se a redução nos custos de eletricidade compensa os custos de implementar o sistema.
O piloto foi instalado no Assentamento Nova Vitória, em Ilhéus (BA), na propriedade dos agricultores Ailana e Noel. Além de produzirem cacau, eles também cultivam outras variedades em sistema agroflorestal (SAF). A família já recebe acompanhamento técnico da Tabôa.
O sistema que está sendo testado é constituído por placas fotovoltaicas que captam a energia solar e estão ligadas a um conversor, o que possibilita que a energia acumulada durante o dia possa ser utilizada também à noite. Se a família não utilizar toda a energia produzida, o excedente pode ser distribuído para outras propriedades – desde que as redes sejam cadastradas com o mesmo CPF do titular da conta.
A capacidade do sistema foi calculada para beneficiar uma família de quatro pessoas, que gastava cerca de R$ 250 com a conta de eletricidade. A previsão é que, com as placas, esse valor fique cinco vezes menor. Instalado em dezembro de 2021, o sistema será monitorado por 12 meses, e após esse período, os equipamentos serão doados aos agricultores.
Para ser considerado agricultura familiar, de acordo com a constituição brasileira, o modelo de produção precisa estar localizado na zona rural e em terras de tamanho inferior a quatro módulos fiscais (medida variável instituída pelo Incra). A mão de obra empregada deve ser da própria família, e parte da renda precisa ser gerada pela propriedade rural.
No Brasil, a agricultura familiar equivale a 77% dos estabelecimentos agrícolas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 80% de toda a comida do planeta seja produzida por meio desse modelo.