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Rede de instituições ajuda a promover aumento da produção agroecológica no sul da Bahia e o cacau orgânico de qualidade

Produtor Jairo Ramos, de Ibirapitanga (BA). Foto: Ana Lee (Tabôa)

No último mês, um relatório lançado pela Muká Plataforma Agroecológica mostrou que o apoio que vem sendo prestado há dois anos a agricultores de assentamentos e comunidades rurais – entre assessoria técnica, capacitações em manejo agroecológico e acesso a microcrédito rural – tem fortalecido a produção agroecológica do sul da Bahia e o cacau orgânico de qualidade, e beneficiado mais de 700 agricultores.

A plataforma é colaborativa e foi idealizada pela organização Tabôa – Fortalecimento Comunitário, pelo Instituto Ibi de Agroecologia (Ibia) e pela Rede de Agroecologia Povos da Mata. O apoio aos agricultores se dá em cinco eixos articulados: produção, beneficiamento, comercialização, certificação orgânica e crédito. Por meio dessa integração é possível apresentar ao agricultor mais formas de aumentar e diversificar a produção sem usar veneno, bem como técnicas para beneficiar os produtos e facilitar meios para a comercialização, evitando atravessadores. 

Para Roberto Vilela, diretor-executivo da Tabôa, um dado que reforça o sucesso dessa articulação é a baixa inadimplência dos créditos concedidos: menos de 0,5% dos agricultores beneficiados estão em débito na linha de crédito criada pela instituição. “A ajuda técnica para planejar o que será plantado na unidade produtiva, diversificando assim a produção, e melhorar a qualidade daquilo que se está produzindo pode significar um salto na renda do produtor, e consequentemente na sua qualidade de vida”. 

O relatório “Do solo ao prato” faz um amplo diagnóstico sobre o contexto local e os agricultores atendidos, comparando os números obtidos na implementação do projeto, em 2018, com dados recoletados dois anos depois, o que permitiu avaliar o que tem dado certo e considerar os pontos de atenção que precisam ser superados. O projeto conta com o apoio do Instituto Arapyaú, Instituto Humanize, Funbio, Porticus, Instituto Ibirapitanga e Inter-American Foundation.  

Mas o crescimento da produção também fez aumentar a percepção das diferentes dificuldades inerentes a esse processo. Por exemplo, encontrar maneiras de garantir a qualidade das amêndoas de forma constante e consistente, permitindo que o produtor tenha acesso ao mercado de maior valor agregado para além do commodity e obter estruturas de transporte e armazenamento adequados ainda são um desafio para esses produtores. 

O relatório confirma ainda a hipótese inicial de que as agroindústrias seriam uma forma importante de gerar renda para as mulheres e jovens. O diagnóstico demonstrou que 71% das pessoas envolvidas eram mulheres e 32% eram jovens. Em termos de volume, as agroindústrias atendidas pela Muká produzem 130 toneladas de alimentos e mais de 12 mil litros de bebidas. Também se pôde observar a ampliação da diversidade dos produtos beneficiados, tais como café, grãos, ervas medicinais, especiarias, farinhas, geleias, pães, bolos e frutas congeladas.

O relatório completo pode ser conferido aqui.

Carmen Guerreiro

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