
Toda Semana do Clima de Nova York é uma espécie de antessala para as Conferências do Clima da ONU, as COPs. No ano em que Belém será sede da COP 30, a primeira na floresta, o Brasil ganhou ainda mais evidência nos debates.
O Instituto Arapyaú participou do evento com a ambição de dar visibilidade às soluções nacionais baseadas na natureza, estimulando uma agenda de ação e pautando o debate nos temas de restauração florestal e sistemas alimentares, áreas estratégicas para o país reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE).
“Este é um momento importante para posicionarmos o Brasil como um líder em transição econômica sustentável, já que temos exemplos sólidos e escaláveis em restauração florestal, agricultura regenerativa, economia circular, mineração e carbono, entre outras áreas”, afirma Lívia Pagotto, diretora institucional do Arapyaú.
Ao lado do Instituto Itaúsa e da Página22, a organização lançou a segunda edição do relatório Soluções em Clima e Natureza do Brasil, que mostra como o país vem construindo respostas concretas à crise climática. O documento amplia a análise sobre iniciativas já em curso e traz uma contribuição fundamental ao debate internacional em torno de uma economia justa, regenerativa e de baixo carbono.
No Museu Americano de História Natural, o Arapyaú marcou presença na conclusão dos diálogos do Balanço Ético Global (BEG), que reuniu lideranças de diversos setores e países para debater os fundamentos éticos que devem guiar as decisões internacionais na agenda climática. Iniciativa da ONU e do Governo Brasileiro, impulsionada especialmente por Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o BEG aconteceu a partir de seis encontros nos seis continentes do mundo ao longo dos últimos meses, para reunir ideias sobre como enfrentar a perda de biodiversidade, a crise climática e os problemas sociais mais graves.
Parte desses temas também surgiram no Concordia Summit, fórum global de líderes de governos, empresas, sociedade civil e filantropia para debater soluções de impacto. Palestrante no evento, que discutiu como escalar soluções inovadoras de clima para a América Latina, Renata Piazzon, CEO do Arapyaú, lembrou que a “Amazônia não é apenas floresta” e que 70% a 80% da população amazônica vive em áreas urbanas, onde a principal demanda é por qualidade de vida. “Pensar soluções para a região exige reconhecer sua pluralidade. Não há bala de prata. É preciso desenvolver estratégias sustentáveis e tecnológicas que incluam os indígenas e outras lideranças comunitárias”, afirmou ela.
Saúde do planeta
Durante a Semana do Clima de Nova York também foi apresentado o Planetary Health Check 2025, relatório elaborado pelo Potsdam Institute em articulação com o Planetary Guardians, grupo do qual o Arapyaú integra o conselho. O documento traz um alerta preocupante: sete dos nove limites críticos do sistema terrestre já foram ultrapassados, um a mais em relação ao ano passado. A nova fronteira transgredida é a acidificação dos oceanos, agravada pela queima de combustíveis fósseis, desmatamento e mudanças no uso da terra, comprometendo a capacidade dos mares de atuarem como reguladores climáticos globais.
Além desse, permanecem em zona de risco: Mudança Climática, Integridade da Biosfera, Alteração do Uso da Terra, Uso da Água Doce, Fluxos Biogeoquímicos e Novas Entidades. Apenas a Camada de Ozônio e a Carga de Aerossóis seguem em condições seguras. Durante a apresentação do relatório, o cientista Johan Rockström, diretor do Potsdam Institute, reforçou a urgência de ações coordenadas entre governos, empresas e sociedade civil para conter a degradação e reconstruir a resiliência do planeta.
“Os sinais vitais da Terra estão em alerta vermelho. Precisamos agir com a urgência que o momento pede. E, nesse contexto, a ciência deve servir cada vez mais como um farol para iluminar nossas ações”, afirma Renata Piazzon.