
O seminário “O Brasil na Transição Energética e o Papel do Petróleo” reuniu especialistas em São Paulo para discutir o desafio de equilibrar exploração de combustíveis fósseis e compromisso climático. Crédito: Acervo
80% da energia consumida no mundo ainda tem como origem a queima de combustíveis fósseis, sendo que 30% vem do petróleo, que é o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, atrás apenas do carvão. Esses números mostram o tamanho do desafio representado pela transição energética necessária para conter a temperatura da Terra dentro de limites manejáveis.
Como país produtor e exportador, o Brasil precisa qualificar um debate: extrair petróleo para atender ao consumo interno e às exportações ou desacelerar a extração desse combustível fóssil para contribuir com a necessidade planetária de reduzir as emissões de gases de efeito estufa? Essa foi uma das questões que nortearam o seminário “O Brasil na Transição Energética e o Papel do Petróleo”, realizado em São Paulo, em 22 de maio, pela Fundação FHC e o Instituto Arapyaú.
Na semana em que ocorreram avanços no processo de licenciamento ambiental para a exploração de petróleo na Margem Equatorial da Bacia da Foz do Amazonas, esse foi o tema mais presente nos debates, dos quais participaram David Zylbersztajn, professor do Instituto de Energia (IEPUC), Shigueo Watanabe Jr., colaborador do ClimaInfo e especialista em mudanças climáticas, Flávia Guedes, analista do Instituto Mapinguari, Jean Paul Prates, chairman do Centro de Estratégia em Recursos Naturais (CERNE), e Roberto Schaeffer, professor de Economia da Energia da COPPE/UFRJ.
“Esse debate acontece em um momento político importante. O Brasil está prestes a sediar a COP30 e precisa prestar atenção às decisões e compromissos que está assumindo e seus impactos na agenda climática”, comentou Lívia Pagotto, gerente de Conhecimento do Arapyaú.
Um dos aspectos levantados no evento foi a “assimetria de informações” e a diferença de forças entre quem formula proposições como a exploração na Foz do Amazonas e as populações que serão diretamente impactadas por ela. “Há um desequilíbrio quase desleal entre a quantidade de dados, ferramentas e planejamentos que a Petrobras e outros órgãos têm e a quantidade de informação disponível para as pessoas que estão nos territórios que serão impactados”, afirmou Flávia Guedes.
Para os participantes, ficou claro que o Brasil precisa alinhar o planejamento energético ao seu planejamento climático. “O país precisa ter um olhar mais coordenado de formulação e implementação de políticas públicas que unam essas agendas, com maior participação dos órgãos reguladores também”, disse Pagotto.
O seminário completo está disponível aqui.