Neste ano em que o Brasil vai às urnas, a iniciativa Uma Concertação pela Amazônia estabeleceu uma missão: construir, ao longo do ano, com toda a sua rede de organizações e de iniciativas parceiras, propostas de desenvolvimento sustentável para a região amazônica que possam ser adotadas nos primeiros cem dias de governo pelo Executivo federal, o subnacional e pelo Congresso Nacional.
O tema foi assunto de artigo no jornal O Estado de S. Paulo, escrito pelos integrantes da Concertação Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente e fellow do Instituto Arapyaú; Roberto Waack, presidente do Conselho do Arapyaú; Renata Piazzon, diretora do Arapyaú; e Lívia Pagotto, gerente de conhecimento do instituto.
O texto reforça o posicionamento da rede de que, embora necessário e urgente, o combate ao desmatamento não pode ser a única abordagem para a Amazônia. Não dá para falar de desmatamento sem discutir desenvolvimento. Isso significa ter um olhar sistêmico para o território, pensando ações estruturantes nos campos da educação, da saúde, da economia, da cultura, da segurança pública, da infraestrutura, da ciência e tecnologia e de cidades.
Segundo os autores, mais do que resolver questões locais, pensar a Amazônia é um convite para se criar um novo paradigma de desenvolvimento para o País, baseado na relação com o capital natural e com um forte componente social.
Izabella e Waack também discutiram, em reportagem no Valor Econômico, como o País continua refém do passado na esfera socioambiental e o que precisa ser feito para avançar na agenda de descarbonização. Tanto o cenário internacional quanto nacional apontam para uma crise ambiental. Nesse contexto, a descarbonização global é uma oportunidade para o Brasil se destacar como líder de um novo modelo de desenvolvimento, no entanto especialistas apontam fragilidades do País para ocupar esse espaço de protagonismo.
“Para ser um jogador neste tabuleiro, o Brasil terá que assumir corresponsabilidade na segurança climática, o que significa não só manter a floresta em pé, mas também investir em uma agricultura mais competitiva, orientada por questões de baixo carbono, com soluções para a para a pecuária”, afirmou Izabella.
O País deve ser orientado de forma estratégica para lidar com seus interesses de protecionismo verde e ter uma trajetória de descarbonização inclusiva. A questão climática é uma questão de desenvolvimento.”
Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente e fellow do Instituto Arapyaú
Waack abordou o comportamento do setor privado brasileiro frente às questões socioambientais. Na sua avaliação, há três frentes diversas. “Há um grupo de empresas completamente fora do jogo. Outro conjunto que já entrou no tema, e um terceiro, que está usando o debate como modelo de mudanças de negócio”, comenta, explicando que esse último grupo ainda tem poucas empresas.
Este campo me parece muito distante no Brasil. Vejo como uma oportunidade para um País que fornece commodities, e algo que terá de enfrentar. Mas esta discussão não acontece nos fóruns empresariais. Ainda vejo uma estratégia defensiva no setor.”
Roberto Waack, presidente do Conselho do Arapyaú