Com o objetivo de compartilhar iniciativas que têm mostrado bons resultados na contenção do novo coronavírus, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) realizou nesta terça-feira, 26/5, um webinar com quatro convidados de diferentes setores, e que estão articulados no combate à pandemia: Instituto Arapyaú e Fundação Tide Setubal, como representantes do Investimento Social Privado, a prefeitura de Aracaju, simbolizando o poder público municipal, e o programa Favela sem Corona, como iniciativa da sociedade civil organizada. “Acreditamos que também temos o papel de conectar iniciativas e soluções que possam ajudar os gestores públicos, especialmente os de saúde nesse caso, para entender e enfrentar situações complexas”, afirmou Morgan Doyle, representante do BID no Brasil.
Durante a live, o gerente do programa Cidades e Territórios do Arapyaú, Marcelo Cabral, apresentou a plataforma CoronaCidades – fruto da parceria com Impulso e IEPS – e suas ferramentas de apoio à gestão pública municipal, que até hoje já tiveram cerca de 70 mil acessos e 260 atendimentos diretos a cidades e estados. Segundo Marcelo, desde o lançamento em março da plataforma, o projeto tem disponibilizado diferentes instrumentos alinhados com a fase vivida da pandemia de acordo com a demanda dos municípios. Assim, a primeira delas, o Checklist, ajudou as prefeituras e estruturar sua governança de crise, comunicação e organizar vigilância e assistência de saúde. O SimulaCovid, por sua vez, possibilitou calcular o tempo de sobrecarga do sistema de saúde local a partir dos leitos e respiradores disponíveis nas UTIs, permitindo o planejamento adequado. A terceira ferramenta tem apoiado a gestão na tomada de decisão criteriosa para a reabertura econômica gradual e segura.
Nesta semana, a plataforma ganha sua quarta ferramenta: o Farol Covid, painel de apoio ao trabalho de decisão de acordo com o momento vivido pelo município em cada setor. “Lidar com essa crise no município não envolve uma tomada de decisão única ou de curto prazo. O desafio se move gradativamente, e a gestão vai precisar reavaliar constantemente os impactos das suas decisões”, afirmou Marcelo. “Acreditamos na constante necessidade de colher contexto e oferecer ferramentas de forma mais customizada possível, especialmente nesse cenário de alto grau de incerteza e alto impacto das decisões.”
O prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira, parceiro do instituto no projeto Fortalecimento de capacidades institucionais para inovação governamental, também participou do webinar e contou como o CoronaCidades ajudou na gestão da crise do novo coronavírus: “A gente precisava de um instrumento que nos desse mais segurança para o planejamento, para entender qual é a velocidade de contaminação e de como atender às pessoas contaminadas”, disse. “Ganhamos tempo com o isolamento social, e aí entrou o CoronaCidades, muito importante porque ele dá perspectivas e a possibilidade de entender em quantos dias podemos atingir a capacidade máxima do sistema, para sabermos quando tomar medidas de isolamento maior.”
A outra iniciativa apresentada no webinar foi o Matchfunding Enfrente, representada pela Mariana Almeida, da Fundação Tide Setubal. A iniciativa faz uma seleção contínua de projetos propostos pela e para a periferia em todo o país, investindo dois reais a cada real doado por indivíduos pela plataforma de financiamento coletivo Benfeitoria – até agora, já foram doados cerca de R$ 5 milhões.
Mariana enfatizou como é essencial o protagonismo das lideranças locais para entender as reais demandas das comunidades e ter assim ações mais efetivas na redução das desigualdades. “Como a gente escuta essas comunidades e faz um recurso chegar para elas diretamente no que elas acham mais importante?”, questionou.
Uma das iniciativas beneficiadas pelo Enfrente foi a Favela sem Corona, e seu representante Pedro Bertho, administrador público, falou no webinar sobre sua trajetória desde a desapropriação da comunidade onde vivia no Rio de Janeiro (em razão das Olimpíadas 2016) até como concebeu o projeto logo após um intercâmbio na China, no início da disseminação do novo coronavírus. “Eu acreditava que poderia chegar ao Brasil e minha maior preocupação foi com as pessoas das favelas, com a população mais vulnerável e como ela poderia ser impactada por isso”, disse.
Junto com o irmão, que é professor na UFRJ, Pedro assumiu o desafio e estudou boas práticas ao redor do mundo, especialmente as sul-coreanas. Chegaram, então, à conclusão que a melhor forma de atenuar o impacto da Covid-19 em comunidades vulneráveis seria a testagem em massa de pessoas específicas. “Mais importante que testar é testar as pessoas certas”, observou.
Após várias mudanças de curso por causa de obstáculos encontrados para importar testes e doá-los para a rede pública de saúde, o projeto estabeleceu parceria com uma clínica privada próximo à comunidade da Rocinha, uma das maiores do país, e se dedica a mapear as pessoas que correm mais riscos e encaminhá-las para a instituição logo no início dos sintomas. O Favela sem Corona atua hoje em três pilares: (1) identificação e testagem, (2) comunicação e prevenção e (3) entender as especificidades da realidade local.
Mariana, da Tide Setubal, sugere que esse é o momento de recriar a relação da gestão pública com os territórios, dando mais protagonismo às comunidades locais. “Existem medidas que estão surgindo durante a pandemia e que podem se tornar permanentes, como políticas públicas. O problema das desigualdades já existia antes dessa crise e vai continuar existindo se não mudarmos a forma de fazer.”
Assista à gravação da live completa.
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