MapBiomas lança iniciativa inédita que mapeia processo de queimada nos últimos 20 anos
Mais de 330 mil km² das florestas existentes hoje no Brasil pegaram fogo nos últimos 20 anos, sendo que 59% dessa área queimou duas vezes ou mais. A maior parte do fogo atinge vegetação nativa. Os dados inéditos fazem parte de uma iniciativa lançada no dia 3 de dezembro: o MapBiomas Fogo, que faz parte da 5ª coleção anual de mapas de cobertura e uso do solo do Brasil do projeto MapBiomas.
Pela primeira vez, foram consolidadas as informações sobre a área queimada a cada ano no Brasil, de 2000 a 2019, com a identificação do tipo de cobertura e uso da terra associado, como floresta, savana, agricultura ou pasto, entre outros. Também são disponibilizados dados de áreas acumuladas e frequência de cicatrizes para cada um dos biomas, estados, municípios, bacias hidrográficas e áreas protegidas do Brasil.
O incêndio em florestas tropicais não é natural. Ele é causado principalmente pela ação humana, alimentada por um ambiente mais seco, que faz o fogo escapar de um pasto ou de uma área desmatada e entrar na mata, por exemplo. A frequência alta em algumas regiões reforça o papel do homem nesse processo de degradação”
Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora do grupo que fez a pesquisa.
Para o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, o mapeamento é importante para tomada de decisões. “É fundamental entender o regime de fogo no Brasil, que leva à degradação das vegetações nativas e tem impacto na saúde das pessoas, nas mudanças climáticas, na biodiversidade e na economia”, afirma Tasso.
O MapBiomas é uma iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil. Esta plataforma é hoje a mais completa, atualizada e detalhada base de dados espaciais de uso da terra em um país disponível no mundo.
Todos os dados, mapas, método e códigos do MapBiomas estão disponíveis gratuitamente no site mapbiomas.org.