As mudanças climáticas decorrentes do superaquecimento do planeta já são uma amarga realidade na agricultura. Investir em tecnologias e pesquisa, mirando principalmente a previsibilidade de impactos na lavoura e no agronegócio como todo, parece ser uma das melhores alternativas para enfrentar o problema. Essa foi uma das conclusões de um grupo de representantes da agropecuária dos setores públicos e privados, e de organizações sem fins lucrativos, que se reuniram para discutir o aprimoramento dos seguros rurais, capazes de contribuir na redução dos crescentes riscos climáticos.
O webinar “O papel do seguro rural na gestão integrada de riscos agropecuários” contou com a presença do Arapyaú, trazendo para a discussão a experiência bem-sucedida do seguro paramétrico, inédito na produção de cacau no Brasil.
O ineditismo está na criação de uma ferramenta que usa o volume de chuvas e outros dados meteorológicos como indicadores de risco para o contrato entre seguradora e agricultores. O dinheiro do seguro é pago ao produtor rural caso aconteça um sinistro, como secas intensas ou grande volume de chuvas, mesmo que não ocorram danos físicos à lavoura. Ricardo Gomes, gerente do programa Desenvolvimento Territorial do Sul da Bahia do Instituto Arapyaú, compartilhou os pontos centrais da experiência que foi testada entre agosto e novembro de 2021 em propriedades produtoras de cacau do sul da Bahia, que somam uma área de 150 hectares.
Outro ponto-chave da operação é o financiamento do seguro. A apólice utiliza indicadores de sustentabilidade para financiar o pagamento do prêmio do seguro com crédito de carbono. A ferramenta estima a quantidade de carbono contida em uma propriedade rural e, em seguida, fomenta a venda desse crédito de carbono para empresas preocupadas em apagar sua pegada. “Conciliar produção no campo à sustentabilidade socioambiental é o que garante a permanência do homem no campo e a produção de alimentos. O seguro paramétrico financiado por estoque de carbono é um bom caminho”, enfatiza Ricardo.
Além de investimentos em tecnologia e pesquisa, o grupo também debateu sobre a necessidade de políticas públicas e aspectos legais que poderiam incentivar a contratação de seguros rurais pelos agentes. O evento online foi realizado pela Coalizão Brasil Clima, Floresta e Agricultura, com apoio da Agroicone, CPI/PUC-Rio e WWF Brasil, e contou com representantes da Secretaria de Política Agrícola do Ministro da Agricultura; da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); da Superintendência de Seguros Privados (Susep) e o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Ivan Wedekin.
O webinar está disponível aqui.